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O “Ofício da Palavra” recebe hoje, a partir das 19h30, no Museu de Artes e Ofícios (Praça da Estação), a paulista Noemi Jaffe. Também doutora em Literatura Brasileira e crítica literária, ela lança, em BH, o romance “Írisz: As Orquídeas” (Companhia das Letras). A personagem central foge de Budapeste deixando uma revolução fracassada, uma mãe senil e um amor mal resolvido. E chega ao Brasil com a intenção de pesquisar orquídeas. Diretor do Jardim Botânico, Martim se encanta por ela, que acaba sumindo.
‘Admiro a persistência de Írisz’, diz autora
“Admiro a persistência de Írisz, sua dificuldade em se submeter àquilo que é diferente do seu desejo, sua recusa em estabelecer raízes. Para mim, ela é mesmo uma pessoa com quem aprendo a conviver, apesar – e talvez justamente por causa – de ser bem diferente de mim”, diz Noemi, ao Hoje em Dia, sobre sua personagem, refugiada da Revolução Húngara de 1956 – “algo sobre o qual se sabe muito pouco aqui no Brasil, mas que teve uma importância enorme”.
Entrevista Nesses encontros com o público, o que vai norteando a sua fala? Você começa a falar sobre o livro mais recente, por exemplo, e depois deixa espaço para o público expor suas dúvidas?
Sim, geralmente é isso o que acontece. A tendência é falar sobre o último trabalho, no caso o romance "Írisz: as orquídeas". Mas como, em literatura, tudo se aproxima muito em termos de trabalho com a linguagem a com a imaginação, é inevitável que também se fale de vários outros trabalhos e assuntos, tais como meu trabalho como professora, crítica e meus outros livros.
Acha enriquecedores, esses encontros cara a cara com seus leitores, de modo a aferir apontamentos sobre a obra em questão?
Claro. Acho que é o encontro mais enriquecedor de todos, pois acabo descobrindo coisas que nem imaginava sobre o que escrevi e posso entender melhor a reação genuína das pessoas àquilo que escrevo.
Vem com frequência a BH? Acompanha a cena literária local?
Vou com certa frequência, sempre a trabalho. Gosto do trabalho de Jacques Fux e fui jurada do prêmio Cidade de BH em 2013.
Poderia, claro, nos falar sobre "Írisz"? Como a trama foi se delineando em sua mente, a partir de que insight? Como se deu a escolha de Budapeste como ponto de partida? Como definiria a personagem?
Írisz é uma pessoa que admiro. Admiro sua persistência, sua dificuldade em se submeter àquilo que é diferente do seu desejo, sua recusa em estabelecer raizes. Para mim, ela é mesmo uma pessoa com quem aprendo a conviver, apesar - e talvez justamente por causa - de ela ser bem diferente de mim. Ela é refugiada da Revolução Húngara de 1956, algo sobre o qual se sabe muito pouco aqui no Brasil, mas que teve uma importância enorme para a história do comunismo mundial. Ela vem parar aqui no Brasil, em SP, onde trabalha como botânica no Jardim Botânico, cuidando de orquídeas. Sempre tive fascínio pelo húngaro e pela Hungria, em parte pelo fato de minha mãe ser meio húngara meio sérvia. Decidi que minha personagem seria húngara e estaria em fuga permanente. Por isso, escolhi a revolução, cuja história sempre me fascino.