(Vitrine/Divulgação)
O livro de Lourenço Mutarelli, “A Arte de Produzir Efeito Sem Causa”, já é bem sombrio, promovendo uma releitura dark da parábola do filho pródigo ao acompanhar a volta de Júnior para a casa dos pais.
A adaptação para o cinema, que leva o título “Quando Eu Era Vivo”, escolhida para abrir hoje a 17ª Mostra de Cinema de Tiradentes, potencializa esses elementos doentios ao criar forte conexão com o gênero terror.
“Amo o gênero. Isso não é segredo para ninguém, mas não começamos o roteiro com essa ideia. As ferramentas formais e estéticas partem do que o conteúdo sugere e permite”, avisa o diretor Marco Dutra.
FANTASMAS
O espectador fará muitas relações, de “O Iluminado” – quando o protagonista (Marat Descartes) enlouquece num espaço claustrofóbico que evoca o passado – a “Atividade Paranormal”, por conta da descoberta de imagens amadoras.
Há ainda uma mãe misteriosa que o próprio Dutra traça paralelo com matriarcas do mestre Alfred Hitchcock. “O protagonista é guiado pelo fantasma dessa mãe, de maneira literal e simbólica, acessando suas memórias de infância”.
Dutra faz parte de uma geração de cineastas que abraçaram os gêneros. “Na faculdade, o terror não era levado a sério. Para mim, é uma ferramenta como qualquer outra. É a mesma coisa que dizer que não gosta da cor azul”.
SANDY
O cineasta ganhou uma inesperada companhia em seu gosto pelo terror: a cantora Sandy Leah. “Esses filmes marcaram nossa infância e adolescência. Víamos até os trash, pois não tínhamos discernimento para saber o que era bom ou ruim”.
Sandy interpreta uma estudante de música, inquilina do pai de Júnior (Antonio Fagundes). “Era fã dela quando criança. Quando alguém da produção levantou o nome dela, não resisti”, confessa o diretor.
Dois dias após receber o roteiro, a cantora retornou dizendo ter adorado sua personagem. “Ela foi fisgada pela Bruna. Mesmo sem termos negociado datas e cachê, tive uma forte sensação de que iria rolar”.
O filme estreará no dia 31 como o maior lançamento da distribuidora independente Vitrine. “Estou ansioso. Tenho uma boa relação com o filme, mas é meia verdade quando dizem que o diretor não tem noção do projeto que fez”, diverte-se.