A estreia do filme “Redemoinho” não poderia ter vindo em melhor hora, num momento em que o mundo discute a política anti-imigração do presidente americano Donald Trump. “A questão do deslocamento, do desenraizamento, é um tema universal. Ele fala aos brasileiros e também do mundo, principalmente agora com essa ideia maluca de barrar a entrada de imigrantes nos Estados Unidos, observa o cineasta mineiro José Luiz Villamarim.
Em seu primeiro longa-metragem, o diretor de novelas e minisséries como “Amores Roubados” e “Justiça”, está falando um pouco de sua experiência a partir de um texto do escritor, também mineiro, Luiz Ruffato, filmado em Minas Gerais, com Irandhir Santos, Júlio Andrade e Dira Paes no elenco. Os dois primeiros exploram sentimentos contraditórios, do que ficou em sua terra, frustrado, e aquele que foi embora, sem conseguir que a cidade “saísse” dele.[INTERTITULO] [/INTERTITULO]
“A ideia de pertencimento é muito forte. Um dilema moderno em que você acha que ir para São Paulo irá resolver sua vida, o que pode acontecer ou não. Mas é algo que o filme não pretende resolver, deixando em aberto para que o próprio espectador pense na melhor solução”, salienta Villamarim, para quem a questão do deslocamento faz parte do ser humano, nômade desde os seus primeiros movimentos na Terra.
Villamarim concorda que a história é determinada pelo destino, a partir do momento em que o trabalhador de uma fábrica de tecelagem, Luzimar (Irandhir), passa pela rua onde mora a mãe de um ex-colega de infância, Gildo. Este está de volta à cidade, no dia de Natal, e chama Luzimar para conversar, adiando a volta para a casa e o encontro com a esposa, o que poderá gerar outros desdobramentos. “Tem esse efeito dominó. Por questão de segundos, nossa vida pode mudar completamente”.
Como essas situações demoram a ganhar forma no filme, o cineasta recomenda paciência ao espectador, “entrando no cinema de alma aberta, propondo pequenas revelações numa noite de Natal”.
Para conseguir o tom certo, Villamarim levou os atores para Cataguases, cenário do filme, com antecedência, como forma de laboratório. “Para eles entenderem como era o ritmo daquele lugar”.