Santa Tereza atrai pessoas à procura da boa gastronomia

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
07/09/2014 às 09:00.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:06
 (Cristiano Machado/Hoje em Dia)

(Cristiano Machado/Hoje em Dia)

  A programação do dia promete. Das 9 às 13h, tem mais uma edição do projeto “Santa Leitura”, promovido por Estella Cruzmel. Já a partir das 14h, a mesma Praça Duque de Caxias será invadida pelo “Dia Instrumental”, com shows dos grupos Iconili, Dibigode, Maurício Ribeiro e o Hamilton de Holanda Quinteto. Sim, Santa Tereza respira cultura – e, claro, (boa) gastronomia. Não por outro motivo, continua sendo uma referência para a boemia, com seus bares tradicionais, como o Parada do Cardoso ou Bar do Bolão, e a música que reverbera de pontos como o Godofredo Bar.    Nestes e em vários outros espaços que atraem interessados de toda a região metropolitana – além, claro, dos turistas –, um denominador comum: o charme, que fez com que, já há algum tempo, o bairro ganhasse o carinhoso apelido de “Santê”. E se, como coração de mãe, há sempre espaço para mais um (entre as novidades está, por exemplo, a pizzaria Auguri), há aqueles que já fixaram estaca há algum tempo e que só têm a comemorar: “Hoje, a zona Sul vem a Santa Tereza, conhecer esse bairro diferente”, brada Marcelo Tavares, do Santa Pizza.    Espaços apostam no cardápio e no próprio charme   Ambientes como o Santa Pizza (rua Silvianó-polis, 452) fazem com que Santa Tereza seja, hoje, uma referência no quesito gastronomia. Segundo o chef e proprietário Marcelo Tavares, a escolha do nome aconteceu de forma bem inusitada. “Na verdade, comecei com a Santa Pizza há 12 anos, na Serra do Cipó. Na época, foi a primeira pizzaria da região, e o nome Santa Pizza veio mais em função de brincarem: ‘até que enfim, uma pizzaria, santa pizzaria’”, rememora.    Tavares aproveitou a deixa e resolveu fazer ecoar a frase na decoração, permeada por santos. Detalhe: ela está sempre em modificação. “Temos um conceito bem diferente. Você pode rodar o mundo, vai ser difícil encontrar uma casa igual. Como vendemos nosso artesanato, a decoração acaba ficando itinerante, sempre peças novas decorando a casa”, relata.   Não bastasse, as pizzas do cardápio levam nomes de santos. O proprietário garante que é possível comer bem em muitas outras regiões do bairro, bem como encontrar boas cartas de vinhos e cervejas mais elaboradas. “É um bairro diferente, com teatros nas casas, ruas arborizadas, ambientes requintados e descolados ao mesmo tempo e comidas e bebidas para todos os gostos”, aponta Marcelo.   Os que não chegarem cedo podem ter certeza absoluta: vão enfrentar fila de espera no Birosca S2, outro chamariz da região (ele fica ali, logo em frente ao Santa Pizza).   No comando, Bruna Teixeira, 24 anos (sim, 24 anos!): “Me inspirei em fontes como a refeição francesa e o estilo das bodegas argentinas. Mas o Birosca foi concebido de forma muito original”, ressalva a bela. A originalidade reverbera na decoração, fofíssima, com direito a elementos kitsch, com o jarro de abacaxi (à la “Grande Família”). E também no cardápio.    O charme, aqui, encontrou sua mais perfeita tradução. “Aqui tudo é feito de forma caseira, porém não deixamos de servir bem, com pratos contendo ingredientes e preços honestos”, acrescenta Bruna. Detalhe: dentro de uma tendência que avança na capital mineira, a água da casa é gratuita, disponibilizada em um jarro na mesa. “Tenho muito prazer e cuidado nos detalhes. É parecido com ‘casa de vó’: brega e retrô (risos). E também me inspiro em filmes como ‘Alice no País das Maravilhas’”, diz Bruna.   Falamos em fila de espera? Bem, a casa é propositadamente pequena, dentro da aposta de um ambiente acolhedor. O público é diversificado. “Aqui, todo mundo é bem vindo e acho que o público prova isso, pois é impossível rotular o perfil de quem frequenta. Cada dia vem gente diferente”.   A concorrência é vista com bons olhos. “O bairro é tradicional, familiar, é muito calmo durante o dia. Já à noite, muitas pessoas procuram por bares que ofereçam cerveja e porções fritas. Sustentar o conceito bistrô é meio que um desafio”, admite ela. A proprietária se debruça sobre formas de beneficiar a região com projetos para uma horta comunitária e a promoção de atividades artísticas, como a pintura de muros, para tornar mais agradável a convivência no estabelecimento.    Decoração diferenciada é chamariz recorrente   Charme é uma palavra que também se aplica ao bar Odeon (rua Adamina, 125, 2º andar), através das chitas e das flores de pano e fuxico sobre a mesa. Instalado bem em frente à praça Duque de Caxias, o espaço pretende atender a artistas de Belo Horizonte. “Mais do que um restaurante, somos também um espaço cultural. Nossos clientes têm acesso a saraus, shows, lançamentos de livros, feira de artesanato, palestras e à confraria de artistas autorais a cada 15 dias – sempre às quintas. A proposta é enriquecer nosso público para além da gastronomia”, assegura Mariana Bocelli, 32 anos, que, ao lado da mãe, Eliane, e do irmão, Henrique, assumiu a casa há oito meses.    “Neste lugar funcionava o antigo Sobradão da Seresta. Aqui, minha mãe dançou quando ainda era mocinha. É, portanto, um espaço afetivo”, revela ela. Além de servir cervejas especiais, o Odeon tem, entre seus quitutes mais pedidos, os pasteizinhos de cogumelo, a panhoca e pratos específicos para quem é vegetariano. “Percebemos que não existem muitos lugares na cidade que trabalham com cozinha vegetariana, é um nicho que descobrimos há pouco tempo e, felizmente, estamos conseguindo atender, sempre aos domingos”, diz Mariana.   O Santa Tereza abriga também uma das creperias mais aconchegantes da cidade. Com direito à luz de velas e luzes coloridas em néon no formato de estrela, o La Crepe (rua Dores do Indaiá, 84) oferece mais de 30 opções, entre doces e salgadas, cada uma batizada com o nome de uma cidade mineira.   Caso do crepe São Tomé das Letras (presunto, azeitona, mussarela, tomate em rodelas, pimentão, cebola em rodelas e orégano) e do Itabira (Nutella, marshmallow, castanha de caju e banana).    Vale destacar que são porções grandes e bem recheadas. Para quem adora esse tipo de prato, a visita é imperdível. “Estamos aqui há nove anos e recebemos todo o tipo de cliente: jovens, idosos, famílias, grupos de amigos e casais”, diz o gerente da casa, Sérgio Martins, 48 anos. 

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