A peça fica em cartaz hoje e amanhã no Palácio das Artes
(Priscila Prade/Divulgação)
Uma herança mal explicada que gera um conflito familiar. Esse é o pano de fundo do espetáculo “Três Dias de Chuva” que chega, hoje, em Belo Horizonte para duas apresentações.
“É uma peça que mostra a relação entre pais e filhos e os segredos de família que estabelecemos ao longo dos anos”, conta o ator Otávio Martins, que divide o palco com Carolina Ferraz e Fernando Pavão. Os atores se desdobram em dois papéis cada um para levar ao público uma história que se passa em dois tempos, em 1995 e em 1960, nesta ordem.
Tudo começa quando os irmãos Walker e Anna, vividos por Otávio Martins e Carolina Ferraz, descobrem um diário do pai recentemente morto, que revela um pouco do passado. “Baseado nesse diário os irmãos julgam os pais. No segundo ato, em 1960, interpretamos os pais, e o que o público vê não é o que os filhos julgaram”, conta Carolina Ferraz, que disse ter sentido paixão à primeira vista pelo texto.
Para Otávio, esse conflito mostra como temos uma visão unilateral dos pais. “Temos os pais como heróis. E a peça os traz para perto de nós e mostra os humanos que são”, justifica o ator, que garante que a peça vai além do drama e se transforma em uma comédia romântica recheada de ironias.
Dois tempos
A passagem de tempo de 1995 para 1960 é marcada pelo cenário, que segundo os atores é um quarto personagem da história escrita em 1997 pelo americano Richard Greenberg, que no Brasil ganhou direção, tradução e adaptação de Jô Soares. “O Jô é um artista completo. Escreve, dirige e atua, e sabe entender os atores para conduzi-los a lugares inusitados”, avalia a atriz, que trabalhou durante três meses para compor a personagem Anna, uma mulher conservadora e tradicionalista, racional ao extremo, em contraposição ao personagem da mãe, uma mulher libertaria, romântica, feminista.
Para Otávio, o desafio em interpretar dois papeis não está nas diferenças. “O difícil são as semelhanças, pois são pais e filhos”, confessa o ator.
O momento crucial do espetáculo acontece no segundo ato, que traz a versão dos pais e remonta a década de 1960. O jovem Ned (Otávio Martins) e seu sócio Theo (Fernando Pavão) sonham se firmar como arquitetos. O sonho termina quando Ned se apaixona por Lina (Carolina Ferraz) – a namorada de seu sócio – e Theo percebe que essa paixão é correspondida por ela. “Esse é um momento chave do espetáculo e que explica muita coisa e mostra como podemos ser cruéis em nossos julgamentos”, pontua o ator.
Para Carolina, que está às voltas também com a gravação da novela “Haja Coração” (Globo), a peça é cheia de sutilezas e curvas suaves, com descobertas muitas vezes desconcertantes, que acabam por romper o tratado entre tempo e espaço.
Serviço:
“Três Dias de Chuva” no Palácio das Artes (av, Afonso Pena, 1537). Hoje e amanhã, às 21h. Plateias I e II: R$ 60 e R$ 30 (meia); Plateia Superior: R$ 50 e R$ 25 (meia)