(Samuel Costa - Hoje em Dia)
Duas composições inéditas em Belo Horizonte de Heitor Villa-Lobos (1887-1959). E de graça. Esse é o presente que a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e a soprano Eliseth Gomes darão ao público da Série Sinfônica no Museu, nesta quinta-feira (12), às 20h, no Museu Inimá de Paula (rua da Bahia, 1.201, Centro). A apresentação faz parte do Verão Arte Contemporânea.
Para tanto, o maestro Marcelo Ramos resgatou as composições “Suíte de Câmara Nº 2”, de 1959, e “Verde Velhice”, de 1922.
“No ano passado, fui ao festival dedicado a Villa-Lobos, no Rio, para reger um concerto. Na ocasião, conheci essas obras”, lembra.
Mas como saber se as músicas realmente não foram tocadas aqui? O maestro explica que tudo o que foi escrito por Villa-Lobos fica no museu dedicado a ele, no Rio de Janeiro. A instituição tem parceria com a Academia Brasileira de Música, que controla o que foi publicado e executado.
“Verde Velhice possuía uma única cópia, escrita a mão. Os registros diziam que ela só foi tocada uma vez, por volta de 1922, provavelmente em São Paulo ou no Rio de Janeiro”, lembra Ramos.
“É praticamente a reestreia da obra. O interessante é que, quase cem anos depois, ainda estamos descobrindo muitas criações de Villa-Lobos”, pontua. A outra composição tem registro de ter sido mostrada fora de Minas.
O que você vai ouvir
As composições mostram os dois principais estilos adotados por Villa-Lobos ao longo da carreira: vanguarda e tradicional, que representam, respectivamente, o primeiro e o segundo períodos da trajetória dele.
O concerto terá início com “A Bachiana Nº 5”, da série Bachianas Brasileiras, sendo interpretada na versão original para oito violoncelos e soprano. A composição, de 1938, tem textos de Manuel Bandeira e Ruth V. Corrêa.
No fim, os músicos mostram “As Canções da Floresta do Amazonas”, compostas em 1958, com os poemas “Veleiros”, “Cair da tarde”, “Canção de Amor” e “Melodia Sentimental”, da poetisa Dora Vasconcellos.
No programa, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais interpreta também “Choro Nº 7”, escrito para um grupo de câmara, utilizando flauta, oboé, clarineta, saxofone, fagote, violino e violoncelo.
Diva gospel-lírica
A soprano Eliseth Gomes se tornou cantora por causa de uma profecia da mãe dela. “Minha mãe era apaixonada por Elizeth Cardoso (cantora carioca que viveu entre 1920 e 90). Então, colocou esse nome em mim”, conta a solista, que soma mais de 30 anos de carreira.
“Quem sabe ela vai ser cantora também?”, lembra, sobre uma das frases que a mãe não se cansava de repetir. Dito e feito! Mas Eliseth queria ser cantora gospel e antes de entrar para a faculdade passou em uma audição para a lendária montagem de Missa dos Quilombos (1981), com Milton Nascimento.
Depois, já como bacharel em canto pela UFMG, as variadas possibilidades musicais impulsionaram a artista. Eliseth estreou no canto lírico no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, durante as récitas da ópera “Porgy and Bess”, de George Gershwin, e ganhou a Europa. “Tenho o que eles chamam de voz ‘verdiana’: forte e com boa extensão”.