Soledad Villamil é homenageada em gramado

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
25/08/2017 às 18:36.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:16
 (Divulgação)

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GRAMADO (RS) – “Que tal?”, pergunta Soledad Villamil, no alto de uma mesa numa fábrica de cristais em Gramado, após ter soprado um tubo com um material na ponta que se transformará, mais tarde, num Kikito de Cristal, troféu que a atriz e cantadora argentina recebeu na noite da última quinta-feira (24), no palco principal do 45º Festival de Cinema de Gramado.

A atriz de 47 anos é mais conhecida dos brasileiros pelo filme “O Segredo dos Seus Olhos” (2009), de Juan José Campanella, ganhador do Oscar de melhor produção estrangeira, e já tinha recebido o convite do festival gaúcho há vários anos. “É muito bom vir para um festival sem ter um filme competindo, sem aquela pressão. E vir para ganhar um prêmio é melhor ainda”, afirma.

A entrevista com a atriz foi na fábrica de cristais e ela aproveitou para comparar as duas artes. “O cinema não é milenar como a confecção de cristais, mas também é feito da concentração de várias peças, em que se trabalha muito, reunindo várias habilidades. O ator é uma pequena parte de um produto complexo”, analisa.

Como no caso das pedras, ela destaca que não há muito conhecimento das pessoas sobre o grande esforço feito para produzir um filme. “Elas não têm ideia do que está por trás”, lamenta a atriz, que também aproveitou para mostrar um pouco de seu português, que teve que aprender para atuar no filme, ainda inédito, “Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos”, de Paulo Nascimento. “Eu achava que falava o português, até porque vinha sempre aqui na minha infância, mas depois descobri que não”, diverte-se. 

No longa, ela atua com Edson Celulari, que, a pedido do festival, gravou um vídeo em homenagem a Soledad, assim como Ricardo Darín, com quem trabalhou em “O Segredo dos Seus Olhos”. Sobre o colega, pontuou que “ele é uma referência do cinema argentino fora e dentro do país também. Mas há muitos outros atores tão bons quanto ele. Com o surgimento de um novo cinema argentino, a partir do final dos 80, Darín passou a ser a imagem desse momento”.

A atriz falou do processo de escolha de seus papéis, adotando sempre o ponto de vista de um espectador comum. “Leio o roteiro e primeiramente tento perceber se é algo que gostaria de ver. Este é o primeiro passo, anterior a qualquer outro aspecto do projeto. O que me interessa é a história que está sendo contada”, explica Soledad.

O que vale para o cinema também faz parte dos critérios de seleção do repertório para os seus discos e shows. “Como o cinema, o teatro e a música, de maneiras diferentes, também contam histórias, como aquelas que narramos para nossos filhos antes de eles dormirem. É uma necessidade do ser humano, assim como respirar”, compara.

* O repórter viajou a convite da organização do Festival de Cinema de Gramado

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