(Washington Santos )
Há cerca de um mês, produtores culturais mineiros iniciaram uma campanha com a missão de angariar alimentos e produtos de limpeza. Estes seriam revertidos a famílias de profissionais que fazem parte da equipe técnica em espetáculos de artistas e que estão sem receita, em virtude do período sem shows e espetáculos. Intitulado “Salve a Graxa BH: Sem Graxa Não tem Brilho” – em referência ao apelido carinhoso dado a montadores, técnicos de áudio, vídeo e iluminação, carregadores e roadies, entre outros –, o projeto contabilizou, nos 30 primeiros dias de execução, exatos R$ 40.316,10 para compra de cestas básicas.
Foram recolhidas 10,5 toneladas de alimentos e outros itens, a serem repassadas a 561 famílias. A intenção, no entanto, era que 650 fossem beneficiadas em um mês dessa iniciativa, que contou, até agora, com 170 pessoas apoiando com doações ou outras parcerias.
“Temos recebido muitas manifestações e doações já garantidas para os próximos meses, mas enfrentamos muitos desafios. Até porque muitos colaboradores também estão à espreita de dificuldades financeiras decorrentes da instabilidade das próprias atividades de trabalho”, destaca Felipe Amaral, sócio-proprietário da ZBM Som & Luz, coordenador técnico de eventos e festivais e um dos grandes responsáveis pelo “Salve a Graxa”.
“Não vamos desistir e continuaremos trabalhando para que todas as famílias que estão na lista de espera recebam as cestas básicas. Não há uma garantia, mas há um esforço coletivo muito grande para que isso ocorra. Por isso qualquer ajuda é muito importante”, completa Amaral.
Segundo ele, a proposta “vai além das doações de cestas” à turma da “graxa”. “Precisamos fortalecer esses profissionais, ajudá-los para que se preparem à volta ao trabalho, certamente não antes de setembro. Compreendemos que, à medida que a temática da pandemia fique cada vez mais próxima da realidade das pessoas, há uma tendência de diminuírem as doações. É como se esses profissionais – e tantos outros públicos que também precisam de ajuda – voltassem para a invisibilidade”, preocupa-se o coordenador de eventos.Washington Santos
Felipe Amaral é um dos responsáveis pelo projeto "Salve a Graxa"
Apoio
Artistas como Saulo Laranjeira, Lô Borges e Aline Calixto e casas de shows, vide Stonehenge e A Autêntica, colaboraram com a divulgação da campanha em redes sociais, o que influenciou na arrecadação. “O engajamento de artistas que possuem projeção diante de seu público traz para a campanha um fator fundamental: a credibilidade. Conseguimos nos mobilizar, enquanto produtores, com nossos grupos e contatos, e a adesão dos artistas aumenta a exposição da campanha, da sua causa e sua importância”, ressalta Amaral, ciente de que ainda há muito a ser feito para ajudar a graxa.
“A maioria absoluta desses profissionais (da ‘graxa’) trabalha na informalidade, sem vínculo empregatício, dependendo dos cachês que recebe a cada evento. Quanto menor a projeção do seu trabalho, menor a renda desse profissional. Por isso é tão importante que (artistas) continuem apoiando campanhas e iniciativas que têm na solidariedade sua causa maior”, diz.