‘Somos uma espécie de cinema de rua’, diz dono do Pampulha

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
25/05/2014 às 09:39.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:43
 (André Brant/HojeemDia)

(André Brant/HojeemDia)

Quando não está na gerência, quebrando a cabeça para fechar as contas do mês, Tiago Basílio pode ser visto no balcão de ingressos ou na bonbonnière, colocando as pipocas nos saquinhos, no momento em que as filas começam a aumentar diante das seis salas instaladas no Pampulha Mall.    Com uma administração de feição familiar, em que irmão (Ismael) e esposa (Josiane) estão entre os funcionários, Basílio é uma exceção no mercado exibidor de BH, dominado por multiplexes de poderosas redes. “Somos sozinhos contra os grandes. Somos uma espécie de cinema de rua”, observa.   Ex-funcionário dessas redes, trabalhando na manutenção de projetores, Basílio não está longe da verdade. Apesar de localizado no que seria um shopping center, na Avenida Antônio Carlos, o cinema é hoje, ao lado de uma escola, a única âncora do espaço, já que boa parte das lojas está fechada.    Cinema popular   Os cinemas de rua dedicados a filmes populares como Jacques e Brasil encerraram as suas atividades no final da década de 1990, substituídos por modernos e padronizados complexos que cobram cerca de R$ 20 a entrada. É outro aspecto que aproxima o Pampulha dos cinemões de antigamente.   Quando arrendou o cinema, em 2008, uma das primeiras ações de Basílio foi abaixar o preço dos bilhetes. “Colocamos a R$ 2,50 e o cinema bombou. Não dava para andar de tantos espectadores no salão”, lembra Basílio, que também investiu na modernização dos equipamentos.   Num lado da apertada sala de projetores, ele aponta para uma antiga e desativada máquina da década de 1940 que funcionava a carvão. Serve apenas para lembrar a distância que separa aqueles tempos da era digital. “Não é porque é popular que não vamos nos preocupar com bom atendimento e conforto. Criamos uma relação de confiança”.   Restaurante só funciona quando o cinema abre   A face mais popular representou um aumento de até 40% na frequência das salas, resultando numa venda de mais de dez mil bilhetes por mês. Os lojistas do Pampulha Mall passaram a acompanhar esse movimento, recusando-se também a abrir nos dias em que o cinema não funciona.   É o caso de um restaurante de comida árabe no segundo andar. Seu dono, Sandro Chamone, frisa que o cinema estabeleceu uma fidelidade de público. “É diferente da escola, em que os alunos vão só para aquele fim. No cinema, os frequentadores circulam pelo espaço, querem também comer algo”, registra.   OBRAS   A administração do Mall admite a importância do cinema. As lojas fechadas, segundo a gerente financeira Liliane Pereira, refletem a instabilidade do mercado. As obras na avenida Antônio Carlos tiveram um grande papel nessa queda. Até mesmo o cinema chegou a operar no vermelho quando fecharam o acesso.   “Qualquer outra dificuldade como essa pode nos levar a fechar”, admite Basílio, que reclama da falta de interesse da administração do shopping. “Eles poderiam investir em marketing”, sugere.   

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