“Spotlight" encabeça lista dos melhores de 2015 dos críticos norte-americanos

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
07/01/2016 às 08:03.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:55
 (Sony)

(Sony)

Spotlight – Segredos Revelados” – outra importante estreia desta quinta-feira (7) nos cinemas – está para o novo milênio assim como “Todos os Homens do Presidente” para os anos 70.

São thrillers de suspense sobre os bastidores de investigações jornalísticas que enfrentaram muita resistência ao enveredar por fortes e corruptas instituições de poder.

O mais antigo, com Robert Redford e Dustin Hoffman, ganhou o Oscar principal em 1977. “Spotlight” vem recebendo boas críticas e deve aparecer entre os indicados desse ano.

Entre eles estão quatro décadas, mas o que os diferencia não é a época em que os fatos acontecem ou mesmo a maneira como os jornalistas tentam comprovar um escândalo.

O princípio jornalístico, por sinal, parece ser o mesmo: incansável busca de fontes e pesquisas, noites sem dormir e pressão de todos os lados. O que muda é o tema.
 
O último tabu
 
O filme setentista se debruça sobre o escândalo Watergate, ocorrido quatro anos antes do lançamento, que desmascarou um esquema de espionagem do Partido Republicano.

Já “Spotlight” parece estar derrubando o último tabu nos Estados Unidos, ao falar de forma direta sobre casos de pedofilia na Igreja Católica. É o que mais chama a atenção nesse longa de Tom McCarthy.

Faz parte de uma tendência mundial, com filmes como o mexicano “Obediência Perfeita” e o chileno “O Clube” abordando especialmente a conivência da cúpula da Igreja.

Como é característico do cinema de Hollywood, “Spotlight” apresenta um problema, juntamente com a sua solução. Esse dualismo opõe padres e jornalistas.

Os repórteres fariam parte das “forças do Bem”, os únicos a terem coragem de peitar o poder dos clérigos, que se infiltra por todas as instâncias, do executivo ao judiciário.

Falta um pouco mais de humanismo e veracidade entre a ordem do novo diretor de redação, que é judeu, e seu quinteto de jornalistas investigativos, sempre obedientes.
 
Grande engrenagem
 
O tema da pedofilia parece prevalecer sobre todos os elementos que dariam maior densidade à trama, como se somente um coletivo, uma instituição, pudesse enfrentar a outra.

Por mais que Michael Keaton e Mark Ruffalo procurem dar uma identidade aos seus personagens, eles surgem sem rostos, apenas como peças de uma grande engrenagem.

O único momento em que uma sombra de dúvida aparece é quando o editor admite que o assunto já tinha passado por suas mãos, anos antes, sem dar-lhe importância.

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