Instigado a falar sobre o fio condutor que perpassa seu segundo álbum de carreira, "Tempo de Ser" (Lado A Music), o cantor e compositor paulista Thiago Varzé, 28 anos, diz que, coerentemente com o título, "a mensagem central é mais ser, e menos ter". Varzé, que estreou no mercado fonográfico há dois anos, com "Outros Ares", retorna a bordo de 11 faixas, sendo dez inéditas e autorais (três em parceria). Completa o repertório a releitura de "Tribo", de Zé Modesto.
Entre os destaques, a engajada "A Voz do Brasil", composta quando contabilizava apenas 18 anos de idade. A letra brada: "tem criança com fome, é o carro do Brasil na contramão". Sim, Thiago entende que o artista não deve ficar acomodado na chamada zona de conforto. "Tem que ter opinião crítica e fundamentada sobre as questões do mundo". Mas, obviamente, advoga que é preciso aguentar as consequências de ter a "sua" verdade.
Uma curiosidade: Thiago sempre foi fã do cantor Pedro Mariano. Ia a shows, comprava discos. Era uma referência. E "A Voz do Brasil" foi composta pensando na voz do filho de Elis. "Bem, era um sonho. Mas brincar de realizar sonhos é minha diversão favorita!", diz Thiago, que – bingo! – acabou de fato contando com Pedro na gravação.
Otimismo
Para Thiago, compor é meio que "brincar de Deus por alguns minutos". "Tenho que ser otimista e acreditar que plantando sementes do bem, mesmo que de forma simples, numa canção, podemos, no futuro, colher frutos", diz ele. Mas o otimismo não exclui o pé na realidade. "Ela está aí", diz, listando "a violência, a corrupção, a desigualdade, a inversão dos princípios..."
Em tempo; Thiago já "abriu" shows de nomes como Cauby Peixoto e Jair Rodrigues. E aprendeu muito. "Fora as qualidades artísticas, as do ser humano também sobem ao palco. E assistir a esses mestres me faz estar sempre atento em ser verdadeiro e íntegro no que faço", diz, modesto.