Todo mundo tem uma história para contar...

Hoje em Dia
02/07/2015 às 06:33.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:44
 (Carlos Henrique)

(Carlos Henrique)

Devagarinho, apoiado em sua bengala, Roberto Amaral se junta à fila de moradores que têm algo a lembrar. No alto dos seus 73 anos de vida, todos eles vividos na capital, o professor de sociologia aposentado olha para a câmera como se já a conhecesse e conta sobre uma Belo Horizonte bem diferente da atual. “Tenho saudades do futebol, de quando íamos para o (estádio) Independência e não tinha briga, nem divisão de torcidas. A gente podia frequentar aquele lugar com tranquilidade. E nada disso existe mais”, lamenta.


Juventude com história


A estudante Sarah Salvado, 17 anos, foi outra a parar na manhã desta quarta-feira para falar de um “tempo bom”. Moradora do bairro Goiânia, localizado na região Nordeste, ela aponta também para as mudanças que já consegue reconhecer nestas menos de duas décadas de vida. “Peguei uma época em que as crianças brincavam na rua, corriam, pulavam. Eu, por exemplo, ia muito para um sítio brincar, perto de casa, que foi derrubado recentemente para virar um condomínio. Hoje, as crianças não têm mais isso. As ruas estão perigosas e elas só ficam jogando no tablet. É uma pena”, queixa-se.


Apesar de jovem, a fala da moça mostra a maturidade de tantos outros brasileiros que atravessam um momento crítico da história. “Acho que o projeto vem resgatar a nossa autoestima, que anda abalada com essa crise econômica do país”, afirma.


Consciência cultural


Fundador do movimento “Soul BH”, Walter Pinheiro da Silva, 52 anos, também aproveitou o espaço para refletir sobre a crise do país. “O projeto é uma maneira de criar nas pessoas, até mesmo, uma consciência cultural, econômica e política, pois nos força a pensar sobre a nossa situação de desigualdade”, diz.


O movimento do qual faz parte foi outro ponto abordado por ele. “Esse projeto (o “Soul BH”) já tem nove anos e veio para resgatar uma época boa, dos anos 70. A importância dele está no fato de conseguir trazer as pessoas para a rua, para dançar, esquecer dos problemas, onde todos são iguais e podem compartilhar do mesmo sentimento trazido pela música”, aponta. (TO)
 

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