'Turistar' com charme

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
23/08/2015 às 09:36.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:28
 (Frederico Haikal - Hoje em Dia)

(Frederico Haikal - Hoje em Dia)

Um tuk tuk pode ser novidade para os belo-horizontinos, que ainda veem com surpresa os veículos amarelinhos, parecidos com uma charrete puxada por moto, percorrendo os principais pontos turísticos da capital mineira, como a Praça da Liberdade e a Pampulha. Para o chef de cozinha Virendra Singh, porém, a imagem é muito familiar, já que são predominantes nos grandes centros urbanos da Índia.

“Por ser um transporte barato, são mais de 50 mil deles nas ruas de Nova Délhi”, destaca Virendra, que há cinco anos saiu do país oriental para trabalhar em BH. Hoje gerente de bebidas no hotel Tulip Inn, ele conheceu, a convite do Hoje em Dia, a versão brasileira dos “barulhentos” (seu significado na língua hindi), usados aqui como uma nova maneira de revelar os encantos da cidade aos visitantes.

Essa é a grande diferença para os originais, que são um meio econômico de transporte público entre os indianos. Amarelinhos como os similares mineiros, uma viagem sai pela pechincha de 180 rúpias (R$ 9). “Com esse valor você pode andar pela cidade inteira, por duas horas, enquanto, num táxi normal, você gastaria 500 rúpias (R$ 25) com o mesmo tempo”, ressalta Virendra.

Muitos deles funcionam como táxi-lotação, encontrados em enormes estações que chegam a reunir mais de cinco mil desses veículos. Num mesmo carro podem ir até seis pessoas. E para quem acha que os indianos são fechados, o chef observa que, em poucos minutos, os usuários já estão falando de suas intimidades, “como quanto ganha e o que o entristeceu naquele dia”.

Confira vídeo:
 

 

Por fora, as duas versões são semelhantes, mas a verdade que é o tuk tuk mineiro é uma adaptação, em que uma charrete feita com material de ferro é acoplada a uma moto comum. Lá fora ele é confeccionado em escala industrial, como um triciclo com cabine.

“Se importássemos esses veículos, o custo seria muito alto”, explica Nelson Vilaça, que abriu o negócio há dois meses em Belo Horizonte.

Por enquanto, são seis exemplares, que fazem cinco roteiros diferentes de “city tour”, ao preço de R$ 100 (R$ 120, nos fins de semana) cada, por quatro horas. O velocímetro não ultrapassa os 30km, para dar tempo aos visitantes (no máximo, dois) de observarem os pontos turísticos.

Um outro tipo de roteiro pode ser negociado, mas é preciso fazer um estudo minucioso do caminho antes, para evitar ruas muito íngremes. Como as motos têm 125 cilindradas, não há potência suficiente para encarar os muitos morros da cidade.

“Não vamos pedir ao turista para descer do carro, claro. Nos roteiros que já fazemos, conhecemos os lugares com morro e conseguimos desviar deles”, explica Luciano Rocha, que já foi motoboy e trabalhou em hotel – o perfil ideal para quem está no comando desses veículos.

Indianos já estão de olho no mercado mineiro

Apesar de já se considerar um “mineiro”, Virendra Singh confessa ter saudade ao se deparar com manifestações típicas da Índia. “O interesse pelos nossos costumes vêm crescendo cada vez mais em Belo Horizonte”, afirma. O número de indianos de olho nesse mercado também aumentou: já são mais de 60, divididos entre a gastronomia e a tecnologia da informação.

Eles ajudaram a trazer um esporte pouco difundido no Brasil: o críquete, parente distante do beisebol. Num time formado apenas por estrangeiros, Virendra joga há dois anos no Minas Gerais Cricket Club, que disputa torneios nacionais contra equipes de São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Paraná. “Campeões não fomos ainda, mas chegamos à final no ano passado”, registra.

Sem saudade

Diferentemente do guia e motorista Luciano Rocha, que morou na Itália por sete anos e voltou ao Brasil devido à saudade, Virendra avisa que essa vontade ainda não passou por sua cabeça. Todo ano ele fica de dez a 15 dias na sua cidade natal, Dehradun, onde tem mãe e um irmão mais velho. Quando está no Brasil, o contato é feito pela web – via Skype, geralmente.

No mirante do Parque dos Mangabeiras, que não conhecia, ele vislumbra a cidade que abraçou e aprendeu a gostar. “A cultura daqui é muito rica. Nos fins de semana, nunca fico em casa. Sempre tem um lugar diferente para ir”, salienta o indiano, que já viajou por mais de 40 cidades de Minas. “Mais do que eu”, compara Luciano, que pensa em retornar à Europa.

Virendra só não gosta da burocracia brasileira. “Ela não deixa chegarem coisas boas”, constata, citando o caso de um empresário indiano (J. R. D. Tata, proprietário da Tata Motors) que tentou montar uma fábrica de carros populares, que não ultrapassariam R$ 5 mil. “Mas ele foi impedido pelas outras montadoras já instaladas aqui”.

Ouro Preto e Tiradentes logo terão passeios de tuk tuk

Os tuk tuks logo devem ganhar outras cidades mineiras. O proprietário da Tuk Tour Turismo, Nelson Vilaça, revela que Ouro Preto e Tiradentes estão na mira. 
Por sinal, a ideia inicial era abrir a empresa no interior, onde o turismo é mais forte. “Mas queríamos testar em Belo Horizonte primeiro, pois dando certo aqui seria sucesso em qualquer outro lugar”, afirma.

A empresa é 100% mineira, mas tem o precioso auxílio de portugueses, onde o tuk tuk já “anda para todo lado”, segundo Nelson. “Todo o nosso know how é de lá. As estratégias de marketing também não são feitas aqui”, destaca. Ele também espera franquear a marca para outros Estados. “Já há o interesse de gente de Fortaleza, Natal e Salvador”, garante.

Trenzinho da Alegria

Praça da Liberdade – Desde 1983, vários personagens infantis comandam um passeio pela região da Savassi num trenzinho animado. O ponto de partida é o mesmo do destino final, a própria praça.

Funcionamento: 9h às 18h, aos domingos

Preço: R$ 8

Burrinhos

Parque Municipal – Quem disse que andar sobre um burrinho é só na fazenda? No Centro de Belo Horizonte, a criançada se diverte no lombo deles há anos, no Parque Municipal, que também oferece um trenzinho colorido e o lendário pedalinho.

Funcionamento: 6h às 18h, nos sábados, domingos e feriados

Preço: R$ 4

Bicicletário

Parque Ecológico da Pampulha – A cidade já tem as bicicletas alaranjadas, mas na região da Pampulha é possível passar um dia inteiro desfrutando do verde sobre uma magrela. E melhor: sem pagar nada. Atualmente, o serviço foi interrompido, à espera de parceiros.

Funcionamento: 8h30 às 17h, de sexta a domingo e feriados

Preço: gratuito

Waterball

Vale Verde Alambique e Parque Ecológico – Além de passeios de charrete e de pônei, o visitante também poderá “andar” por cima do lago, entrando numa grande bola transparente. É possível dar cambalhotas, correr, andar e girar junto com a bola, sem se molhar.

Funcionamento: 9h às 17h30, de terça a domingo*

Preço: R$ 34 e R$ 17 (meia), para entrada no parque. R$ 12 para participar do Waterball

 

Os tuk tuks também podem ser usados em casamentos e aniversários. Um dia inteiro, com motorista, sai por R$ 380
 

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