Um dos pontos altos da CineOP: a exibição da versão restaurada de 'Limite'

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
22/06/2015 às 15:17.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:35
 (Divulgação)

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Resultado na junção de esforços de dois diretores de renome, o brasileiro Walter Salles e o americano Martin Scorsese, a restauração de “Limite” (1931) ganhou finalmente um desfecho positivo, após meio século de intervenções complexas, de resguardar um dos filmes mais importantes do Brasil e do mundo.   A cópia apresentada na 10ª Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP), que encerra hoje (22) a sua programação, passou por um elaborado processo de restauração – com duração de nove meses – no que é hoje o principal laboratório da modalidade: o L'Immagine Ritrovata, da Cinemateca de Bologna, na Itália.   “Nossa maior dificuldade esteve no fato de o filme estar hoje na terceira geração de restauro, não sendo uma recuperação direta do material original”, observa Davide Pozzi, diretor do laboratório que esteve presente na cidade histórica para falar desse trabalho e das experiências de preservação audiovisual na Europa.   Apesar de ser um grande apreciador do “cinema do passado”, Davide nunca tinha visto o filme de Mário Peixoto, um trabalho ousado na sua época, exibindo uma narrativa não-linear sobre três pessoas à deriva em alto-mar. A expectativa de Walter Salles, diretor de “Central do Brasil” e fã do longa-metragem, era conseguir reparar alguns problemas técnicos em Bologna.   Ele já tinha tentado restaurar “Limite” no Brasil, em 2000, mas o resultado ainda ficou aquém do esperado. Com recursos da World Cinema Foundation, dirigida por Martin Scorsese (“Taxi Driver”), ele chegou perto dessa vez, mas muitos especialistas que acompanharam a sessão em Ouro Preto ressaltam que, mesmo com o digital, há problemas de difícil solução.   Davide concorda que há limites para o digital. “Embora seja hoje o meio mais seguro e difundido para se preservar um filme, a gente não sabe ainda se o digital pode nos dá a mesma confiança que a película, capaz de durar por décadas. É por isso que recomendo sempre fazer uma cópia em digital e outra em película”, salienta.   O L'Immagine Ritrovata não recebe subsídios do governo italiano para se manter, ao contrário da Cinema Brasileira, em São Paulo. “Nos mantemos apenas com os filmes que restauramos. Diferentemente de outros laboratórios no mundo, não trabalhamos com produções novas, limitando-se à recuperação. E, felizmente, não são poucos, com filmes vindos de todos os lugares”.

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