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Até o dia 7 de setembro, a professora Terezinha Resende Chaves terá uma vista diferente – e curiosa – da janela de sua casa, localizada no Centro do tranquilo município de Coronel Xavier Chaves: seis escultores de cinco países (entre eles, o Brasil) trabalham em grandes blocos de pedra-sabão. Eles se dedicam à criação de cenas da “via-crúcis” ali mesmo, sob tendas marcadas com as bandeiras dos respectivos países, e aos olhos do público.
A situação que tem dado o que falar há três anos no município faz parte do 3º Festival Internacional de Escultura em Pedra. O evento chega à reta final na próxima semana, com oficinas, shows e – para Terezinha, demais moradores da cidade e turistas – com este interessante intercâmbio cultural. “Cada um trabalha de um jeito. Eu moro bem pertinho”, comenta ela.
Finalizadas, as esculturas que reverenciam Aleijadinho – o mestre dos profetas de pedra-sabão de Congonhas – serão instaladas na “Cidade da Pedra”, apelido que Coronel Xavier Chaves ganhou com o advento do festival.
O processo é o mesmo feito nas primeiras edições. Porém, desta vez, a via sacra será posicionada em ruas próximas às igrejas da Matriz e de Nossa Senhora do Rosário, esta, feita em pedra e supostamente datada do século 18, e hoje considerada o cartão-postal da cidade.
“Eles estão trabalhando aqui, em praça pública. E o impacto é surpreendente junto à população. Cada expressão que o escultor imprime é uma emoção diferente. Os moradores mais antigos chegam a fazer o ‘nome do Pai’ diante das esculturas”, confirma, ao atender a reportagem, o presidente da Associação dos Amigos do Acervo Cultural Geraldo Magela Rodrigues, Israel Elias Santos. Dos seis escultores, dois são brasileiros. Há, ainda, um equatoriano, um canadense, um português e um italiano.
Israel diz que a seleção dos artistas é feita por meio de edital aberto a escultores de todo mundo, pela internet. Uma comissão de jurados seleciona os projetos que os inscritos enviam de acordo com o tema definido pelo festival. “Em uma das edições, tivemos cerca de 150 projetos”, lembra.
O presidente da Associação diz que, quando os temas são mais amplos, como no caso da arte abstrata, as inscrições aumentam. Neste ano, porém, com o tema afim à cultura da cidade histórica, foram pouco menos de cem inscrições. A próxima edição provavelmente também terá um tema religioso, para que se completem os 15 passos da dor de Jesus Cristo antes da morte e ressurreição no Gólgota.
Coronel Xavier Chaves fica a 16 quilômetros de São João del-Rei. No período do Festival, centenas de estudantes da região, além dos turistas, vão à cidade para acompanhar os processos de entalhe ao ar livre. “Pretendemos transformar a cidade em um museu a céu aberto”, avisa Israel.
Até agora, 14 esculturas foram dispostas pela cidade, para que a paisagem da professora Terezinha – e dos conterrâneos dela – se mantenha cada vez mais curiosa.