Uma ideia na cabeça e uma editora virtual

Provavelmente, você não conhece a língua púlus nem ouviu falar que Solano Lopez terminou seus dias em um hospício. Essas e outras curiosidades fazem parte das obras de Fernando Ivanenko, comerciante que, aos 50 anos, se tornou escritor.

Natural de Belo Horizonte, ele conta que a iniciativa de escrever surgiu quando conheceu o site Clube de Autores, que permite que qualquer pessoa publique de forma prática e gratuita. "Passei a me interessar pela escrita por causa da facilidade que o Clube oferece. Não preciso depender de uma grande editora", relata.

Ao todo, Ivanenko já escreveu nove livros – quatro ("Roma, A Cidade dos Loucos", "Entrevista com Solano", "Operação Cambess" e "A Grama é Para Todos") foram publicados no site. As tramas mesclam história e ficção – e muita ironia.

Em "A Grama", dois adultos lembram a infância nos anos 70, nos gramados em frente ao Edifício JK. "Entrevista com Solano" é um romance histórico sobre o ex-ditador Solano López, no final da guerra do Paraguai. Uma trama que envolve a família real brasileira e que em breve será publicada em espanhol. Já em "Roma, A Cidade Dos Loucos", o autor cria um novo idioma: Púlus seria a língua falada entre Alexandre, O Grande e seus generais. O livro está concorrendo ao 2° Prêmio Benvirá de Literatura, promovido pela Editora Saraiva.

Bosque

Atualmente, Ivanenko escreve "A Estratégia de Hans", sobre um alemão nazista que se esconde em BH, na tentativa de ajudar Hitler. A obra foi inspirada em pesquisas sobre uma misteriosa experiência nazista chamada ‘Os sinos’.

"Umberto Eco diz que o bom escritor escreve como se fosse um bosque, no qual o leitor entra e, atrás de cada árvore, encontra uma surpresa. Meus livros são assim, a cada história uma surpresa", explica ele, que também aprecia brasileiros, como Machado de Assis, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Manoel Antônio de Almeida.