Na av. dos Andradas

Havayanas Usadas promete desfile com consciência social, música boa e muita emoção

A apresentação de 2025 promete ser histórica, segundo Heleno Augusto, um dos fundadores e vocalista do grupo

Renato Fonseca
rfonseca@hojeemdia.com.br
Publicado em 03/03/2025 às 08:07.
Heleno Augusto, um dos fundadores e vocalista do Havayanas Usadas (Natália Alvarenga/Divulgação)

Heleno Augusto, um dos fundadores e vocalista do Havayanas Usadas (Natália Alvarenga/Divulgação)

Famoso por arrastar multidões para celebrar o axé e a cultura afro-brasileira, o bloco Havayanas Usadas desfila nesta segunda-feira no Carnaval de Belo Horizonte. Neste ano, o grupo levará à avenida dos Andradas – além de muita animação – o tema “Eles Não Ligam Pra Gente”, que propõe uma reflexão sobre a invisibilidade e a luta da população negra no Brasil. O encontro contará com a participação especial de Sandra Sá, intérprete de canções que se tornaram verdadeiros hits.

Em 2025, o Havayanas Usadas espera reunir mais de 300 mil foliões para acompanhar a apresentação dos cerca de 400 integrantes – 180 na bateria, 40 na ala de dança, oito músicos no trio e dois regentes, além de profissionais de áudio, vídeo, cordeiros, seguranças, equipe de apoio, decoração e produção.

A apresentação de 2025 promete ser histórica, segundo Heleno Augusto, um dos fundadores e vocalista do Havayanas Usadas. Autodidata, ele tem muita história no Carnaval de BH, com participações nos blocos Raga Mofe, Samba Queixinho, CSH e Baianas Ozadas, de 2012 a 2016. Além da expectativa para a folia de logo mais, ele falou sobre o crescimento da festa em BH, o que ainda pode melhorar e os próximos planos.

Heleno Augusto, um dos fundadores e vocalista do Havayanas Usadas (Natália Alvarenga/Divulgação)

Heleno Augusto, um dos fundadores e vocalista do Havayanas Usadas (Natália Alvarenga/Divulgação)

Neste ano o Havayanas Usadas desfila com o tema “Eles Não Ligam Pra Gente”. Como foi a definição?
A sugestão veio de Peu Cardoso, regente do bloco, e ao aprofundarmos no tema vimos a possibilidade de colocar em pauta temas e discussões que o bloco acha de extrema importância.

O tema propõe uma reflexão sobre a invisibilidade e a luta da população negra no Brasil. Como enfrentar esses desafios nos dias atuais? O que precisa ser feito com mais urgência?
O Havayanas Usadas é um bloco que trabalha os ritmos afro-brasileiros como samba-reggae e ijexá, um repertório que exalta a cultura negra e os blocos afros como forma de reconhecimento pelo pioneirismo e importância. Vivemos em um país extremamente racista em que o combate à violência e à discriminação deve ser feito diariamente através de denúncias, debates e criminalização. Profissionais negros devem ter destaque, valorização e remuneração maior.

O desfile deste ano também terá a participação especial da cantora Sandra Sá. Como foram as conversas com ela? Vocês têm se falado? Já ocorreram encontros para ensaios?
O diálogo tem sido maravilhoso e a empolgação maior ainda. Preparem-se para um momento histórico e de muita emoção.

E os preparativos para o desfile desta segunda-feira? O grupo começou os ensaios quando? Como foi a preparação e qual a expectativa para hoje?
Preparamos com muita dedicação um desfile onde o repertório abrange o afropop brasileiro com canções de Margareth Menezes e Jorge Ben Jor, homenagens aos 40 anos da axé music e a história da Etiópia, o reggae de Edson Gomes, Muzenza e Gilberto Gil, 50 anos de Ilê Aiyê e temas político-sociais como Protesto Olodum e They Don’t Care About Us. Vamos ter participações do grupo percussivo Agbara Groove, do coletivo de dança Brothers Soul e da maravilhosa Sandra Sá. Começamos a ensaiar em junho do ano passado com oficinas semanais de percussão recebendo regentes como Nara Torres do bloco Chama O Síndico e Mestre Jackson, um dos principais expoentes do início do samba-reggae, diretamente de Salvador. A Bateria Chinelada sai com 180 integrantes e a dança com 40 pessoas. Vamos com uma banda de 8 músicos em cima do trio elétrico com regências feitas na hora. A expectativa é de fazer um desfile com bastante alegria, segurança, consciência social e musicalmente bonito pra Andradas inteira cantar e dançar com a gente.

O Carnaval de BH cresceu de forma exponencial nos últimos anos. Para você, a que se deve esse sucesso? 
Acredito que venha da possibilidade de todas as pessoas poderem fazer parte das baterias dos blocos e começarem a aprender a tocar um instrumento, criando um movimento musical, social e cultural muito grande e revolucionário na última década. Acho que a cidade sentia necessidade de resgatar o Carnaval que era muito forte até meados dos anos 90 e a vontade de ocupar as ruas também contribuiu muito. Ainda falta muito investimento direto nos blocos para que trabalhadores e trabalhadoras do Carnaval tenham uma remuneração melhor.

Em meio ao crescimento da festa, a organização atual atende aos interesses dos blocos? Ou demandas antigas ainda precisam ser resolvidas? Quais?
Além de não termos espaços adequados para ensaios e oficinas, necessitamos de editais, verbas e políticas públicas de manutenção dos blocos durante o ano para realização de atividades culturais e de aprendizagem.

Após o Carnaval quais serão os próximos planos?Já começa a preparação para a folia de 2026 ou será hora de descansar?
Sempre fazemos um balanço do Carnaval discutindo os pontos em que o bloco pode ampliar ações e o que devemos manter pra o ano seguinte. Vamos dar uma pausa de duas semanas e voltamos com as oficinas semanais de percussão da Bateria Chinelada no final de março.

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