Mineiro de BH, gestor de performance trabalha com selecionáveis como Estêvão e Ederson
(Reprodução: instagram)
Nascido em Belo Horizonte, o preparador físico e gestor de performance Túlio Horta se tornou um dos principais nomes brasileiros no trabalho com atletas de elite do futebol mundial. Hoje, ele lidera a Volt Sports Science, plataforma de saúde e performance que atende jogadores selecionáveis como Estêvão (Chelsea), Ederson Moraes (Fenerbahçe), Alex Telles (Botafogo), Gabriel Magalhães (Arsenal) e Emerson Palmieri (Olympique de Marseille).
Com uma metodologia baseada em ciência, tecnologia e integração multidisciplinar, a empresa fundada por Túlio e seu sócio, André Cunha, oferece suporte completo a atletas de alto rendimento em áreas como nutrição, psicologia esportiva, neurociência e medicina do esporte. A proposta é ir além do treino físico e ajudar o jogador a desbloquear todo o seu potencial — dentro e fora de campo.
Antes de fundar a Volt, Túlio acumulou experiência em clubes mineiros e europeus, passando pelo América-MG e atuando diretamente com brasileiros que jogaram por Manchester United, Manchester City e Lyon. Com mais de uma década de carreira, ele também é diretor técnico do centro de treinamento The Unit, em Belo Horizonte, voltado à saúde e performance esportiva.
Em entrevista ao Hoje em Dia, Túlio Horta fala sobre sua trajetória, o crescimento da Volt Sports Science e o papel da ciência no desempenho dos atletas que atuam nos principais centros do futebol mundial.
Como surgiu a ideia da Volt Sports Science e como foi o início das operações?
Eu e o André Cunha, que somos sócios na Volt Sports Science, tínhamos essa visão de que os cuidados nos campos da saúde e performance por parte dos atletas poderiam impulsionar suas carreiras a outros níveis. Já havíamos trabalhado junto a jogadores da primeira prateleira do futebol e, por mais de sete anos, desenvolvemos e validamos na prática uma metodologia para auxiliar esses atletas a desbloquearem todo o seu potencial esportivo. Trabalhei por quatro anos como performance manager do volante Fred Rodrigues e do lateral Alex Telles, quando estavam no Manchester United, e do goleiro Ederson, quando atuava no Manchester City. O André, por sua vez, foi performance manager do Gabriel Jesus por mais de cinco anos.
Percebemos que havia uma demanda crescente por esse tipo de acompanhamento e também muitas lacunas a serem resolvidas em diferentes áreas da saúde dos atletas. Lançamos oficialmente a Volt Sports Science em maio de 2023 e, desde então, temos mantido um ritmo forte de crescimento, com alta superior a 50% somente em 2025. Nossa meta é chegar a 40 atletas atendidos até o fim de 2027.
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De que forma a plataforma contribui para o rendimento dos atletas profissionais?
A Volt oferece todo o suporte para que jogadores de elite possam desbloquear as travas que muitas vezes os impedem de expressar seu potencial completo — o que envolve desde alimentação adequada e sono de qualidade até inteligência emocional, comunicação, definição de metas e capacidade de tomada de decisão.
Muitas vezes não se trata de treinar mais, e em alguns casos é até o contrário. Dizemos sempre que o atleta já sabe jogar futebol, e não é isso que vamos ensinar para ele. O que fazemos é gerir a saúde e a performance do jogador com uma metodologia científica e integrada a todos os pilares que envolvem bem-estar.
Quais são os principais clientes da Volt Sports Science e como é o trabalho junto a eles?
Atendemos atletas nos principais centros do futebol mundial, como Inglaterra, França, Itália e Brasil. Entre os brasileiros, estão Estêvão (Chelsea), Ederson Moraes (Fenerbahçe), Gabriel Magalhães (Arsenal), Emerson Palmieri (Olympique de Marseille), Alex Telles (Botafogo) e Danilo (Flamengo). Em Minas Gerais, acompanhamos Gabriel Menino, do Atlético, e Marquinhos, do Cruzeiro.
O acompanhamento é integral e abrange todas as principais áreas da saúde e performance. Além de uma rede de especialistas, o atleta tem um performance manager exclusivo, com acompanhamento diário e presencial. Também montamos, na casa dos jogadores, um espaço próprio de saúde e performance. Mais de 50% da preparação de um atleta de alto nível acontece fora do centro de treinamento, e é justamente nesse ponto que garantimos suporte para que o jogador mantenha vantagem competitiva e equilíbrio físico e mental.
Quais áreas de preparação a Volt oferece e quantos profissionais estão à disposição de cada jogador?
Na Volt, os atletas têm suporte completo nas principais áreas da saúde e da performance: medicina esportiva, psicologia esportiva, nutrição, neurociência, fisioterapia, preparação física e análise tática. Cada jogador conta com um time multidisciplinar, além do acompanhamento in loco de um performance manager, geralmente fisioterapeuta. Esse profissional tem contato diário com o atleta, mas não mora com ele — o que é importante para manter uma relação profissional e sustentável.
Também cuidamos de toda a logística do serviço, incluindo questões de moradia, passagem e visto do profissional que acompanha o jogador, garantindo que o atleta não precise se preocupar com nada além da sua rotina e da sua performance.
Como é feita a integração dos treinamentos personalizados com o trabalho dos clubes?
Nosso trabalho é totalmente alinhado com os clubes em que os atletas atuam. Já somos conhecidos por todas as equipes em que temos jogadores, e o relacionamento é muito bom. Assim que um atleta fecha contrato conosco, fazemos contato com o clube e com os profissionais responsáveis para apresentar nossa metodologia.
O planejamento semanal é sempre construído com base nas diretrizes do clube. Enviamos relatórios detalhados a cada três semanas, com os principais indicadores coletados e um resumo do comportamento do atleta, além de um feedback semanal. É uma parceria que busca somar, não sobrepor.
A Volt também trabalha com atletas que jogam em Minas Gerais. Como é o trabalho com eles e há planos de expansão local?
Sim. Trabalhamos com o Gabriel Menino, do Atlético, e com o Marquinhos, do Cruzeiro. São atletas muito profissionais e dedicados no dia a dia. Eles recebem todos os pilares do nosso serviço, inclusive o acompanhamento presencial, e temos observado excelentes resultados em todas as áreas: medicina esportiva, nutrição, psicologia, preparação física e fisioterapia.
Já atendemos outros jogadores mineiros e também atletas da base dos principais clubes de Belo Horizonte. A Volt tem um plano de expansão estruturado para todo o Brasil e também para fora do país. Além do serviço presencial para atletas de elite, oferecemos um modelo voltado a jogadores das categorias de base e ligas menores, sempre mantendo o foco na saúde integral.
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Você teve passagem pelo América e experiência em centros de treinamento em Minas. De que forma o futebol mineiro faz parte da sua trajetória?
Comecei a trabalhar com preparação física em 2011, atendendo atletas amadores e profissionais de diferentes modalidades. Fui coordenador técnico de um centro de treinamento em Belo Horizonte por seis anos e atuei em clubes de base de Contagem e Betim. Em 2018, recebi a oportunidade de trabalhar no América, onde comecei na categoria sub-20 e, ainda naquele ano, fui promovido ao profissional, permanecendo por quase duas temporadas.
Depois, iniciei uma jornada internacional atendendo atletas de forma individualizada, o que abriu portas para o nascimento da Volt. Hoje atendemos mais de 25 jogadores no mundo inteiro, incluindo não brasileiros. O futebol mineiro faz parte da minha história. Sou de Belo Horizonte e cresci acompanhando os três grandes clubes do estado.
Como a Volt enxerga a importância dos cuidados com fatores como alimentação, sono e neurociência no futebol de elite?
Na Volt, acreditamos que o atleta precisa de um suporte completo, que vá além do campo. Nosso trabalho busca aprimorar e, quando necessário, corrigir deficiências em diferentes áreas para criar um ambiente em que o sucesso seja uma consequência natural.
Aspectos como alimentação e sono são fundamentos básicos, mas a saúde mental e a inteligência emocional são diferenciais cada vez mais valorizados. Hoje, podemos dizer que “a bola da vez” é a neurociência e a psicologia esportiva, campos que ajudam o jogador a lidar com as novas demandas do futebol moderno e que ainda têm enorme potencial de crescimento nos próximos anos.
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