Referência em voluntariado no país, Tio Flávio lança programa de entrevistas para dar visibilidade a autores fora do Rio e SP
"O voluntariado te dá a possibilidade de descobrir novos mundos, e quem sai rico é você", diz Tio Flávio (Valária Marques)
Se você falar em Flávio Eduardo Tófani de Moraes, talvez poucos deem ouvidos. Mas experimente citar “Tio Flávio” e verá uma legião aplaudir – não sem motivo. Conhecido pelo apelido há 25 dos quase 51 anos de vida, o palestrante, professor e criador do movimento Tio Flávio Cultural é referência em trabalhos voluntários no país. Em Minas, está à frente de ações voltadas à educação e ao acolhimento em ambientes hostis e de alta vulnerabilidade, como presídios, hospitais e abrigos para pessoas em situação de rua.
Em meio a visitas, viagens, palestras e outros compromissos com a solidariedade, o jornalista, também colunista do Hoje em Dia, encontrou mais uma oportunidade de fazer o bem. Na próxima quinta-feira (27), estreia o programa de entrevistas Contracapa. A ideia é receber autores mineiros que ainda não tiveram a visibilidade merecida. O bate-papo será uma chance de valorizar os escritores e as obras, estimular o hábito da leitura e dar destaque à literatura e à cultura locais.
O programa será transmitido no HD Play, canal do jornal Hoje em Dia no YouTube, e também no Canal Universitário (12 na NET/ Claro), numa parceria com as Faculdades Promove. Uma versão em áudio será veiculada na rádio web Hoje em Dia e nas rádios Alvorada FM e Difusora AM de Salinas; Gorutubana, de Janaúba; Cidade FM, de Corinto; Eldorado, de Sete Lagoas.
Nesta entrevista, Tio Flávio falou sobre o programa e o caminho que o trouxe até aqui. Confira.
Há quanto tempo surgiu o movimento Tio Flávio Cultural e como foi essa criação?
Tio Flávio Cultural é o movimento mesmo, não é uma ONG. A gente não tem recurso financeiro no movimento, que não é partidário, não é religioso. Surgiu em 2010, então vamos fazer 14 anos. A ideia surgiu quando eu estava em sete escolas, dando aula de pós-graduação. E aí vi que as pessoas tinham uma demanda muito grande por conhecimento, só que naquela época não tinha internet tão forte e as palestras eram mais dentro das escolas, e não abertas para a comunidade.
Acontece que aqui em Minas a gente tem um problema seriíssimo: temos pessoas muito boas em diversas áreas: gente da área de gastronomia, cinema, marketing, teatro... excelentes, só que elas não se conversam, são guetos. E aí a gente tem um problema também de achar que São Paulo e Rio são melhores que a gente, porque lá está a Globo, estão os estúdios grandes, então todo mundo que tem visibilidade está em São Paulo e Rio.
O que a gente fez? Passamos a trazer palestras gratuitas para que as pessoas possam ter conhecimento, acesso ao conhecimento sem precisar pagar R$ 2 mil, R$ 3 mil para poder fazer lá em São Paulo. E aí foi a ideia de a gente criar o Tio Flávio Cultural dessa forma.
Você, idealizador e realizador desse movimento, considera ainda um desafio alcançar o que concebeu lá no início do projeto?
Olha, a gente trabalha com voluntariado, o voluntariado é muito instável. Antes da pandemia, nós tínhamos mil voluntários em 80 grupos de atuação, hoje a gente tem 300 em 20 grupos... as pessoas são impactadas por diversas coisas, né? Uma mudança, uma separação, um adoecimento, um desemprego ou emprego, e aí isso impacta no voluntariado, que é justamente onde as pessoas às vezes cortam.
Quando a pessoa entende o voluntariado como algo que faz parte da vida dela, ela já não fica sem, assim como eu. O voluntariado passa a ser tão normal, tão natural, que as pessoas não percebem que ele já faz parte da vida delas. Então o desafio hoje é que as pessoas entendam o voluntariado como compromisso, como comprometimento que você fez com uma causa, com uma pessoa, com uma instituição.
Ao longos dos anos, caminhos e histórias tão diversificadas, quais têm sido seus maiores aprendizados?
Nossa, aprendizado demais. Eu falo que a gente, a cada contato, esse meu com você, se a gente pudesse conversar mais a gente ia ver que não era só você que está aqui, o jornalista. Por trás tem uma grande história, de sucessos, de conquistas, de tentativas, de fracassos, há uma família por trás. O grande aprendizado é saber que cada pessoa não é só aquilo que se vê, mas um conjunto de outras coisas e desvendar esse conjunto.
Conhecer esse conjunto é que é a riqueza dos contatos. Então hoje o Tio Flávio Cultural não atua só com palestras, ele atua também com hospitais. A gente tem visitas a hemodiálise e ILPIs, que são instituições de longa permanência para idosos. Tem quase dez anos que a gente visita casas de crianças e adolescentes, presídios, então cada público desse é um conjunto de histórias.
Eu brinco que é como se fosse Nárnia. Sabe quando você está passando por Nárnia, tem aquele guarda-roupa lá, você passa por ele, abre e entra e ali você descobre um mundo completamente diferente? Então, o voluntariado te dá a possibilidade de descobrir novos mundos e quem sai rico é você.
Você tem apoio do poder público e/ ou da iniciativa privada ou tem sido mais um investimento quase individual? Ou seja, como é a estrutura financeira para realização e manutenção dos projetos?
Quando a gente faz algo em algum evento de startups ou de gestão de negócios, as pessoas se assustam, porque a gente faz as inscrições dos nossos voluntários e as pessoas falam “como é a gestão financeira?”. Não existe gestão financeira, não existe dinheiro, as ações que a gente faz são contínuas para criar laços com as pessoas, vínculos. O que a gente doa, o que as pessoas doam é o tempo, e aí é a nova riqueza dos novos séculos: justamente o tempo.
Eu falo sempre isso: tenho hoje mais saúde do que tempo, um dia eu vou ter mais tempo do que a saúde. Mas então o tempo é um fator raro, que quando a pessoa te dá tempo, ela está doando muito do que ela tem. Então a gente tem hoje voluntários que estão em grupos com os gestores voluntários, esses gestores coordenam os grupos das visitas, das ações, mas sem entrada, sem aporte financeiro, nem de poder público, nem de emenda parlamentar, nem de fundo do idoso ou fundo da criança, é tudo no voluntariado mesmo.
Atualmente, quantos projetos estão em curso, beneficiando quantas pessoas ou instituições?
Hoje a gente tem cerca de 30 projetos em curso, atuando em presídios, hospitais, escolas públicas, movimentos de jovens aprendizes, asilos, que são as ILPIs.
Só em um presídio que a gente vai, mensal, e faz atividades de educação dentro, que pegam todos, tem um impacto de 1.300 pessoas. Então a gente estima que com os grupos todos funcionando a gente impacte aí de 5 a 6 mil pessoas mensalmente.
Você lançou um livro recentemente, “Toda dor e todo o amor que sinto aqui”, em parceria com o Sander Mecca. Como foi esse encontro?
Antes eu tinha lançado um livro chamado “Todo mundo é filho de alguém”. Resolvi pegar uma coletânea dos meus textos no Hoje em Dia, onde estou há 7 ou 8 anos, refazer e lançar. Conta justamente a história daquilo que eu falei... a gente está aqui se vendo, mas por trás dessas pessoas há grandes histórias.
E depois veio “Toda a dor e todo amor que sinto aqui”, com base na história de uma menina jovem aprendiz, que me contou durante a minha palestra. Quando acabou a palestra, ela me chamou, mostrou os braços muito cortados, e são uns 12 anos, e aí eu perguntei se ela tinha tentado suicídio. Ela falou que não, que aquilo era tentativa de passar para o braço a dor que ela não dava conta de sentir lá dentro dela.
E aí há toda dor mas todo o amor também, porque há solidariedade, o amor nas relações, e a gente não pode fugir das dores, tem que encarar. E foi justamente quando o Sander – ele é um músico que fez sucesso na década de 2000, com uma banda chamada Twister. E ele foi para “A fazenda”, recentemente, o programa da Record.
Ele já entrou (no programa) sabendo que ia fazer a parceria comigo, saindo de lá. Qual era a minha ideia? Que a gente convidasse as pessoas para escreverem textos sobre dores, mas que o Sander achasse um título musical, então ele faria curadoria musical.
Todos os títulos são pedaços, fragmentos de músicas, que dessem uma noção do que é aquela dor que a pessoa estava falando. Então, assim, são maravilhosas as músicas.
Ele é adicto. É usuário, dependente químico há muito tempo, e está há dois anos sem usar. Aí escreveu sobre a dicção, que é uma das dores, da culpa das famílias por ter um familiar que é dependente, não saber como fazer ou o que fazer. Aí essas cartas, que são formatos de cartas, são justamente para poder contar sobre essas dores.
Alguém que tenha Alzheimer, ou que seja cuidador de alguém que tem Alzheimer; alguém que tenha tido uma perda de alguém que ama; alguém que tenha tido uma perda por suicídio, depressão infantil, e por aí vai. Esses são os temas diversos. Como o universo literário dialoga, contribui para os projetos/ ações do Tio Flávio Cultural...
Já trabalhava com presídio, mas pontualmente, não constantemente. A gente ia fazer uma palestra e eu já estou nesse ambiente há 10 anos. O suicídio não era uma coisa que eu tinha como estudos, então comecei a estudar sobre finitude, sobre suicídio, para poder fazer uma atividade lá. E a partir do dia que eu cheguei lá, e que uma presa trans pediu um caderno para colocar as dores dela, já que ela não tinha psicólogo, não tinha visita de família... o público trans é muito abandonado pela família.
Eu entreguei um caderno de 60 páginas frente e verso e uma caneta, e pedi para ela me entregar dali a dois meses. Ela me entregou esse caderno em uma semana, com a história da vida dela.
Aí me veio a ideia do seguinte: se as pessoas podem usar um caderno para colocar a sua história de vida, imagina cada pessoa daquela, que tem uma história bem diferente da minha, contando a sua história para a gente poder ajudar, ou usar isso aí para ajudar novas gerações ou as gerações atuais a repensarem sua própria vida com os erros que os outros passaram? Aí entra a literatura.
Essa ação ficou restrita aos presídios?
Não. Foi através da escrita de uma trans, presa, que veio a ideia de criar um projeto que a gente tem hoje, não só dentro do presídio, mas também com idosos – porque há uma depressão muito grande, uma falta de sentido muito grande dentro dos asilos. As pessoas perdem tudo, né? Elas têm uma chave de casa, vão pro asilo e perdem a chave de casa. Elas têm uma cozinha, perdem a cozinha; elas perdem a mobilidade, então com essas perdas todas, qual era a nossa ideia: fazer com que o livro fosse um momento delas colocarem ali os registros de si.
A literatura entra, assim como uma música, como teatro, como as artes, para resgatar o sentido da vida daquela pessoa, sabe? E aí a gente tem um projeto no Tio Flávio Cultural em que o voluntário conversa semanalmente com o idoso numa ILPI durante seis meses.
Depois de seis meses dessa conversa, ele cria um livro como se fosse um projeto de TCC da faculdade. Ele encaderna, coloca as fotos do idoso, coloca a história do idoso que ele ouviu durante seis meses, entrega esse livro para o idoso, e aí fica simbolicamente aquela ideia de que quem escreveu um livro, ou quem tem a sua história contada, não morre jamais. Está eternizado, então o idoso recebe o livro dele com a “fotinho” dele, com a história dele.
Dá um sentido totalmente diferente, porque o idoso começa a ter ânimo. A gente tem até pessoas com Alzheimer que participam contando as histórias que vêm à cabeça. E a gente vê uma melhora na saúde mental, emocional da pessoa, no relacionar também.
Então a literatura ajuda bastante nesse aspecto, quando a gente consegue sensibilizar o outro e dar vida a ele, vida eterna.
Você diria que a literatura cura?
É um dos elementos de cura. Nada cura por si, mas ela ajuda bastante. E outra coisa: você pega as pessoas que estão no processo de solidão, que são as que a gente trabalha muito, e quando chega um livro, é a sua possibilidade de sair daquele espaço onde você não gostaria de estar.
Então, se eu estou em uma hemodiálise (visitando), entrego um livro. Naqueles momentos, quando você visita uma hemodiálise, você vai ver as pessoas muito com celulares, porque elas querem ouvir uma música ou ver um filme para sair daquele ambiente que é frio, doído, ligado a uma máquina.
A literatura te projeta dali, te tira dali. Então o nosso objetivo é justamente esse, que possa mexer com aquela pessoa de tal ponto que a projete para outros lugares, para outros pensamentos, e até mesmo para ampliar sua perspectiva.
O seu livro com o Sander vai integrar o projeto “Remissão por Leitura”. Poderia explicar melhor o projeto? Acredita que a literatura transforma vidas?
A gente vai ter um livro, o meu e o dele, que vai entrar em um presídio para ser usado na remissão por leitura. A pessoa lê o livro, faz um material, e produzindo esse material ela tem quatro dias de pena a menos. Isso já existe, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) já aplica, e qual que é a nossa ideia? Nós vamos começar a fazer o Tio Flávio Cultural com o Conselho da Comunidade de Igarapé. É como piloto, dentro de uma penitenciária, pegando uma ala inteira, com o apoio de alunos de pedagogia que leiam esses textos, para que a gente possa trabalhar a literatura como transformação mesmo.
Não é fácil, a gente sabe muito bem disso, a gente está quase que sozinho. Porque, assim, o Estado abre a porta de um presídio para você entrar. Eu poderia simplesmente falar “quer saber, deixa morrer lá dentro”, só que eles vão sair e a gente sabe disso. Primeiro, são humanos, logicamente. Segundo, eu tenho que me conectar com esse lado humano, e a literatura me ajuda muito nisso, porque eu trabalho com sensibilidade.
Muitos deles falam comigo: “Tio Flávio, quando eu sair daí posso te procurar para poder pegar meu caderno de volta para poder virar um livro?”. Então, dá para fazer alguma coisa nesse sentido de mudar a vida com a literatura. Eu não estou falando ganhar dinheiro, estou falando de mudar vida.
Foi a partir daí que surgiu a ideia de um programa para divulgar autores mineiros pouco conhecidos?
É. Na verdade, é o seguinte: a gente tem muitas pessoas que são escritores que já publicaram as próprias obras, mas que não têm tanta visibilidade. Qual é a ideia? A sensibilidade, a visibilidade, de mostrar para Minas que a gente tem muita gente boa, que a gente tem muita obra.
Fui dar uma palestra na Copasa e um dos funcionários me deu um livro dele. Deixei lá. Fui lendo aqueles que estavam na minha lista, porque tenho um pacto com Deus que é o seguinte: só me deixe morrer depois que tiver acabado de ler meus livros. Ou seja, todo dia eu compro um livro novo para poder sobreviver.
Foi justamente quando a gente teve essa ideia. O rapaz me deu um livro dele. Eu fui ler e o livro é maravilhoso. Conta a história de Minas. Igual a Cris, que conta histórias que escreveu sobre o jeitinho mineiro. A gente tem várias e várias literaturas.
É lógico que a gente tem as pessoas que são conhecidas, como Conceição Evaristo, como a Carla Madeira, que está se projetando agora. Você tem pessoas como a própria Carolina Maria de Jesus, que era mineira e foi morar no Rio de Janeiro. Escreveu um livro com os erros, pois ela escrevia como falava, mas a gente tem um monte de gente por aí que tem publicações fantásticas e que a gente podia torná-las conhecidas.
Então o nosso foco são mineiros que escrevem, que fazem literatura por amor. Não são desconhecidos; eles não são conhecidos é do grande público, são conhecidos em um nicho, num espaço, a gente quer ampliar esse nicho.
O que esses escritores têm em comum?
Ah, essa pergunta aí, olha, eu não vou falar “a mineiridade”. Porque, assim, a mineiridade pode ser, porque o estilo mineiro também de escrever é muito gostoso. Mas eu acho que tem uma persistência, porque para ser escritor tem que ter uma persistência. Você não acha editora muitas das vezes, você vai buscando uma divulgação por conta própria nas suas redes sociais.
Amazon é tão difícil de vender, então o que faz com isso? Não sei. Então essa solidão que existe depois de escrever uma obra, quando a gente conecta as pessoas assim, os leitores e os próprios escritores entre si, eu acho que isso é um movimento muito forte.
Teve um dia que, não sei a organização de quem, mas acho que foi o CCBB, chamou todas as mulheres escritoras e tirou uma foto lá em frente ao CCBB. As mulheres mineiras escritoras, cada uma com sua obra. Tinha uma foto lotada de gente, tinha umas cento e poucas pessoas. Olha a força que a literatura tem, e que quando a gente potencializa isso, quando faz com que isso chegue a mais pessoas, a gente consegue fazer vidas serem impactadas, serem mudadas.
Qual a sua expectativa em relação ao programa Contracapa?
O Contracapa, a ideia dele, o nome é justamente esse. Quando a gente coloca na contracapa, é uma sinopse para quem está buscando conhecer um pouco a obra e a pessoa vai ver o que que ela pode encontrar ali dentro.
E a contracapa dá dicas. Ela puxa o leitor para dentro do livro, para a leitura. Então esse nome “Contracapa” é bem simbólico, justamente porque na entrevista a gente não vai trazer o livro como um todo. A gente vai trazer pinceladas do livro, mas a expectativa para o programa é que a gente consiga dar visibilidade às pessoas que estão em Minas escrevendo muitas vezes solitárias, e unir mesmo as pessoas da literatura, para que a gente tenha um movimento mais forte da literatura mineira.
A literatura mineira é maravilhosa desde Guimarães Rosa, ou antes dele. Mas por que que poucos mineiros estão em destaque nas mídias? A gente sabe que a mídia ajuda bastante nas vendas. Então a gente tem aí São Paulo e Rio fazendo um sucesso muito grande com as suas autoras maravilhosas ou seus autores, mas temos um monte de gente com talento “enterrado” em Minas. E aí tem que ser enterrado entre aspas, porque o enterrado brota também. Então a gente quer fazer brotar. O que está aqui, que brote.
Então é uma construção que você vai fazendo mais por amor à sua arte, à literatura, do que acreditar que isso aí vai ser uma profissão especificamente. Tem gente que tem a escrita como profissão. Por exemplo, eu não sei escrever, mas tenho histórias, aí tem lá um profissional que escreve suas histórias.
Você gostaria deixar algum recado final ou alguma mensagem?
A gente tem que voltar a ler. A gente tinha um hábito, quando eu era criança, de estimular a leitura. Hoje, a gente não tem mais o hábito nem de ler nem de escrever, e isso aí exercita o nosso cérebro.
Quando você escreve, você está memorizando, você está estimulando partes do cérebro, muito mais do que quando você está simplesmente digitando no celular. Então o nosso objetivo é que as pessoas às vezes leiam até no computador, mas que elas possam ler porque vão ter novas portas, novas “Nárnias”, sendo abertas.
Quanto mais Nárnia você tem, quanto mais histórias você tem, quanto mais conhecimento de histórias diferentes você tem, você tem mais vidas compondo o seu enredo. Aí te amplia muito a capacidade de entender o mundo porque não nos limita tanto assim, né? Então a literatura, ela realmente te dá, não vou falar que te dá asas, que é o Red Bull, mas ela te dá possibilidades diversas de olhar para o mundo de maneiras diferentes.
Enquanto a gente tá olhando só de um ponto de vista, a literatura amplia os pontos de vista, e um ponto de vista só é muito limitado.
(Colaborou Kennedy Moreira)