As chuvas dos últimos dias em Minas e na maior parte do território brasileiro podem amenizar as dificuldades em que a presidente Dilma Rousseff se meteu ao anunciar, na comemoração do 7 de Setembro, a redução das tarifas de energia, sem que o governo houvesse concluído o estudo que vinha fazendo a respeito. A situação energética brasileira, que já era difícil, se complicou ainda mais. Não apenas com a previsão de lucros menores, mas também com a decisão de oferecer às concessionárias a renovação antecipada dos contratos que vencem em 2015, em condições consideradas por elas muito prejudiciais.
O que se viu desde então não foi a queda de preço das tarifas, mas do valor das ações das empresas de energia elétrica negociadas nas bolsas. Sobretudo as da Cemig. Esta empresa, por ter suas ações no novo mercado da Bovespa e na Bolsa de Nova York, precisa garantir para os investidores alto nível de transparência. Por isso, não lhes foi difícil perceber que, na situação nova, a Cemig deixava de ser um bom investimento. Muitos correram para vender as ações, provocando sua desvalorização ainda maior que as das demais concessionárias.
Tudo isso ocorria num momento de escassez de energia elétrica, provocada pela prolongada estiagem. Ainda hoje, a média de ocupação dos reservatórios das hidrelétricas não passa dos 40%. A geração de energia pela força dos ventos, principalmente no Nordeste, poderia ter minimizado o problema, se houvesse linhas de transmissão para levar até o consumidor a energia das usinas eólicas construídas em grande quantidade nos últimos anos. Não há, porque a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) atrasou a construção das linhas, que não ficarão prontas até o final de 2013.
Não estamos ainda vivendo um apagão prolongado, porque depois da escassez experimentada no final do governo Fernando Henrique Cardoso o país investiu muito na construção das usinas térmicas. Elas estão segurando a oferta, mas a um custo alto. O preço do megawatt no mercado livre disparou.
Quando desistiu de renovar os contratos de três usinas – São Simão, Jaguara e Miranda – que respondem por 40% da energia gerada pela empresa controlada pelo governo de Minas, a diretoria da Cemig tinha fortes motivos para isso. Parece que o governo federal finalmente entendeu esses motivos. Neste fim de semana, noticiou-se que o prazo para renovação pode ser reaberto. Terá sucesso, se mudar as condições.