Essa é a média de atendimento no Hospital Universitário, que tem registrado aumento na demanda desde 2017
(DIVULGAÇÃO)
Os moradores de Montes Claros têm sofrido com o constante ataque de escorpiões na cidade. Muitos acreditam que o município está passando por uma infestação do aracnídeo. Não é raro ter a notícia de que um vizinho ou conhecido foi picado.
E os registros no Hospital Universitário Clemente de Faria, referência nesse tipo de atendimento, mostram que a situação é preocupante. Em média, oito pessoas são vítimas do aracnídeo por dia em Montes Claros. Até junho, foram realizados 1.363 atendimentos na unidade – mais que o total registrado em todo o ano de 2016 e número superior à metade de todas as ocorrências do ano passado.
Na última semana, uma menina de 2 anos morreu no bairro Vila Telma, após ser ferida por um animal da espécie Bahiensis (escorpião-preto).
Acúmulo de lixo doméstico, entulhos, folhas secas, material de construção nas proximidades das casas e os bota-foras espalhados pela cidade são abrigos perfeitos para os escorpiões se reproduzirem.
Nos últimos dois anos, a Prefeitura de Montes reduziu o serviço de coleta de resíduos e, com isso, lixões estão espalhados por várias regiões da cidade, como O NORTE mostrou na edição de ontem.
ATENDIMENTOS
O número de pessoas picadas por escorpiões atendidas no HU no ano passado foi 28,5% maior do que o de 2016 – 2.217 contra 1.723.
“Os primeiros socorros podem ser feitos em casa, contudo é imprescindível a ida ao hospital. No caso de Montes Claros, o HU é a referência no atendimento. Após a picada, pode lavar o local, o paciente pode tomar analgésico, como dipirona ou paracetamol para alívio da dor, e dirigir-se imediatamente ao hospital”, explica a coordenadora do pronto-socorro do Hospital Universitário Clemente de Faria, Maressa de Morais Martins.
O atendente Antônio Rodrigues Pinheiro, que mora na avenida João Luiz de Almeida, perto da Ponte Preta, encontrou no último fim de semana um escorpião dentro do tênis que estava prestes a usar. “Como por aqui sempre aparecem esses bichos, tenho o costume de bater o tênis no chão para ver se não tem nada lá dentro. E foi em uma dessas que achei um escorpião pequeno”.
Também com atenção redobrada, a dona de casa Alessandra Avilis, que mora no bairro Maracanã, já encontrou cinco escorpiões neste ano pelo quintal, e teme pela segurança dos cachorros. “Eu não entendo como aparecem, porque meu quintal é limpo e cimentado”.
De acordo com a ambientalista Yasminy Itabaiana, em Montes Claros o escorpião mais comum é o Serrulatus, conhecido popularmente como escorpião-amarelo, o mais perigoso da espécie. “O amarelo reproduz muito mais que o preto e é mais venenoso, atingindo a região do bulbo, responsável pelo controle da respiração”.