Vaidade perigosa: especialistas apontam riscos do uso de cosméticos por crianças

Patrícia Santos Dumont
pdumont@hojeemdia.com.br
14/05/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:32

Nos adultos, ela disfarça imperfeições e evidencia a beleza. Nas crianças, pode provocar problemas de saúde. O uso de maquiagem na infância é desaconselhado por especialistas.

Quanto mais cedo batons, sombras e outros produtos do gênero entrarem em contato com a pele, maiores as chances de desencadearem alergias. O uso seguro só é atestado depois dos 12 anos.

A explicação é simples. Segundo a dermatologista Cláudia Márcia Resende Silva, presidente do Comitê de Dermatologia Pediátrica da Sociedade Mineira de Pediatria, apesar de passarem por testes, nenhum desses produtos, nem mesmo os desenvolvidos para uso infantil ou os hipoalergênicos, apresentam risco zero para dermatites de contato.

“Aos poucos, o sistema imunológico vai sendo estimulado até chegar ao ponto de desencadear uma dermatite. Isso ocorre ao longo da vida. É como se fosse um copo vazio debaixo de uma torneira pingando. O sintoma é quando o copo transborda”, diz.

Isso quer dizer que somente crianças com mais de 3 anos devem entrar em contato com makes infantis – à exceção de esmaltes, contraindicados para menores de 5 anos. 

A regra vale também para o local de aplicação do produto, ou seja, batom é nos lábios e nunca nas maçãs do rosto, por exemplo.

A orientação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que legisla sobre o assunto, é que as recomendações do rótulo sobre faixa etária e indicação de uso sejam sempre seguidas.

Só para crianças

Diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Ana Mósca alerta para as especificidades dos produtos classificados como infantis. Eles devem ter baixo poder de fixação e ser facilmente retirados com água, dispensando o uso de removedores. As fórmulas podem conter aromas específicos e substâncias que conferem sabor, desde que respeitados os limites seguros em caso de uma ingestão acidental. 

Conforme a dermatologista, a alergia mais comum é a dermatite de contato, que não se manifesta na primeira vez em que a pele recebe o produto, e sim à medida em que a situação se repete. O grande problema é que uma vez instalado o problema, a cada nova aplicação os sintomas voltam e podem se manifestar com mais força ainda. 

“Não existe uma matemática para explicar a complexidade das alergias de pele, se irão ou não desaparecer. Importante saber que há também a possibilidade de sensibilidade cruzada, quando se desenvolve resistência a um componente similar ao que vinha sendo usado”, destaca. 

Testes com produtos infantis incluem avaliação do potencial tóxico dos ingredientes e comprovação da ausência de irritabilidade e sensibilização na pele; em crianças com menos de 5 anos, o uso deve ser supervisionado por um adulto

Além disso

As denominações “cosmético” e “produto de higiene pessoal” não devem ser utilizadas como sinônimos para maquiagem. Em alguns casos, fórmulas para adultos podem ser indicadas por especialistas para uso por crianças. 

De acordo com a Anvisa, desodorantes infantis não podem conter agentes de regulação de fluxo do suor, os antitranspirantes. ervisão de um adulto. As embalagens, por sua vez, não podem ser em aerossol.

A resolução da agência reguladora que trata do assunto entrou em vigor em abril de 2015, após consulta pública. O documento estabelece critérios relativos à formulação, segurança e rotulagem para a concessão de registro dos itens designados como produtos infantis.Conforme a norma, fica permitido o uso de ingredientes com sabor amargo para que possam, assim, evitar a ingestão.

Produtos fabricados para bonecas jamais devem ser aplicados em crianças, pois além de não passarem por testes farmacológicos, contêm corantes alergênicos e substâncias potencialmente tóxicas

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