50 anos do tri: pela história no ciclo, Cruzeiro poderia ter mais jogadores na Copa do México

Alexandre Simões
@oalexsimoes
20/06/2020 às 17:43.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:49
 (Arquivo pessoal/Dirceu Lopes)

(Arquivo pessoal/Dirceu Lopes)

A derrota por 3 a 1 para Portugal, no Goodison Park, em Liverpool, deixou marcas no futebol brasileiro, pois decretou a eliminação dos então bicampeões do mundo (1958 e 1962) na Copa de 1966, na Inglaterra. A Seleção só voltou a jogar oficialmente quase um ano depois, em 25 de junho de 1967, enfrentando o Uruguai, no Estádio Centenário, em Montevidéu, pela Copa Rio Branco. Entre os dois jogos, em 30 de novembro de 1966, o Cruzeiro conquistou a Taça Brasil acabando com a hegemonia do Santos, de Pelé, que era pentacampeão em sequência do torneio.Fotos/Arquivo pessoal/Dirceu Lopes

Dirceu Lopes, Piazza e Tostão erguem a Copa Rio Branco, conquistada por eles com a camisa da Seleção Brasileira no Uruguai

Apesar da distância de três anos, esses fatos, pelo menos quando se pega o Cruzeiro como referência, têm relação com a Copa do México, conquistada pelo Brasil há exatamente 50 anos, pois foi em 21 de junho de 1970 que o time de Zagallo goleou a Itália por 3 a 1, no Estádio Azteca, garantindo o tricampeonato.
Quando se faz a análise do ciclo entre a Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, e a disputada quatro anos depois, em 1970, no México, percebe-se claramente que não é “choradeira” a reclamação pela ausência de mais cruzeirenses no grupo tricampeão do mundo.

Trajetória

A Seleção viveu momentos conturbados entre os dois Mundial, pois o golpe sofrido na Inglaterra foi forte. Vicente Feola caiu e Aimoré Moreira voltou a comandar o time Canarinho. E na sua primeira convocação, em 9 de junho de 1967, para a disputa da Copa Rio Branco, contra o Uruguai, eram cinco cruzeirenses (Raul, Piazza, Dirceu Lopes, Natal e Tostão) em sua lista, que 13 dias depois ganhou também o nome de Hilton Oliveira.

Aquela Copa Rio Branco teve três jogos. Em 25 e 28 de junho e 1º de julho, quando Dirceu Lopes marcou o gol do empate por 1 a 1 que garantiu a taça à Seleção, depois de igualdades também nas duas primeiras partidas (0 a 0 e 2 a 2). Neste jogo do título, Piazza, Dirceu Lopes, Tostão, Natal e Hilton Oliveira foram titulares. Só Raul ficou na reserva de Félix.

Dirceu Lopes (camisa 8) comemora com Piazza, Tostão e Natal o gol marcado contra o Uruguai na Copa Rio Branco, em 1967, no Estádio Centenário, em Montevidéu

Tinha início o período mais marcante do Cruzeiro na Seleção Brasileia em toda a história do clube. A força cruzeirense era tão grande, que o clube teve pelo menos um jogador em campo em 32 das 33 partidas oficiais do time entre as duas Copas. Não foram consideradas convocações restritivas, pois alguns amistosos foram disputados por combinados estaduais ou até mesmo clubes vestindo a camisa da CBD.

A única partida entre essas 33 sem um cruzeirense em campo foi a segunda com Zagallo no comando após ele assumir a vaga de João Saldanha. Isso aconteceu em 26 de março de 1970, num amistoso contra o Chile, no Maracanã, vencido pelo Brasil por 2 a 1, de virada.

Marcas

Na caminhada da Seleção entre as duas Copas, o Cruzeiro seguiu marcando presença. Num dos amistosos em que a CBD convocou combinados estaduais para defenderem a camisa brasileira, Minas Gerais foi a escolhida para o jogo contra a Argentina, em 11 de agosto de 1968, no Mineirão.

Do time titular mandado a campo por Lísio Juscelino Gonzaga, o Biju, que oficialmente foi o treinador naquele confronto, eram nove os cruzeirenses: Raul, Pedro Paulo, Procópio, Zé Carlos, Dirceu Lopes, Natal, Tostão, Evaldo e Rodrigues. Completavam a seleção mineira os atleticanos Djalma Dias e Oldair.

Em pé: Zé Carlos, Pedro Paulo, Oldair, Djalma Dias, Procópio e Raul; agachados: Natal, Tostão, Evaldo, Dirceu Lopes e Rodrigues. Em 1968, a seleção mineira que representou o Brasil teve nove cruzeirenses no time titular

Antes, em excursão à Europa, África e América do Norte, Natal e Tostão brilharam intensamente com a camisa amarela tendo grandes atuações ainda sob o comando de Aimoré Moreira.

João Saldanha

Em 1969, João Saldanha assumiu a Seleção e na sua primeira convocação, em 5 de fevereiro, já deixou claro que Piazza, Dirceu Lopes e Tostão faziam mais do que parte do seu grupo. Eram peças fundamentais em seu time.

Nas Eliminatórias, Tostão foi o grande nome e artilheiro do Brasil, com 10 gols em seis partidas. Pelé, o craque do time, balançou a rede seis vezes.
Na primeira convocação após as Eliminatórias, já em 1970, que acabou sendo a sua última, João Saldanha chamou o zagueiro Fontana e o volante Zé Carlos.

Em março de 1970, João Saldanha foi demitido pela CBD. Zagallo assumiu a Seleção e Zé Carlos e Dirceu Lopes acabaram cortados da lista de convocados para a Copa do Mundo do México. Isso sem contar que Natal, que começou de forma brilhante sua caminhada com a camisa amarela, mas se perdeu no processo.

Não há exagero nenhum em afirmar que, pela análise do ciclo entre as Copas de 1966 e 1970, e pela qualidade do time do Cruzeiro na época, era para o clube ter mais que um trio no grupo do tri.

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