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A 17 dias da abertura da Olimpíada, o recrutamento de pessoas que vão trabalhar na revista de torcedores na entrada das arenas ainda não terminou. Resta pouco tempo para a checagem de antecedentes criminais dos candidatos e o treinamento - crucial, por se tratar de pessoas sem experiência neste tipo de serviço -, ambos a cargo da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge).
O órgão do Ministério da Justiça, criado em 2011 para lidar com eventos como a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, argumentou que "foram seguidos os prazos legais" e que será utilizada "mão de obra qualificada", e seguidos todos os protocolos de segurança.
A terceirização do serviço de vistoria foi decidida somente este mês, quando o efetivo da Força Nacional de Segurança disponibilizado para a Olimpíada foi diminuído de 9,6 mil para 5 mil. A redução se deveu à recusa de alguns estados em ceder seus agentes para o trabalho no Rio. A diferença foi compensada pela adição de 3 mil militares das Forças Armadas - o número foi de 18 mil para 21 mil.
Ainda assim, com o intuito de liberar os agentes para as funções específicas da segurança, o governo optou pela contratação emergencial de uma empresa privada, a Artel Recursos Humanos, para fazer o serviço de revista do público no acesso às arenas e a inspeção de bolsas, o chamado "mag & bag". A empresa é de Santa Catarina. A reportagem tentou contato com representantes o dia todo, sem sucesso.
Desde segunda, centenas de pessoas, de estudantes a aposentados, passaram pela quadra da escola de samba Portela, na zona norte do Rio, à procura de uma vaga de auxiliar de controle de arena. A função será operar detectores de metal, fazer inspeções pessoais e orientar torcedores. A seleção começou no dia 9, e o único pré-requisito é ter terminado o Ensino Médio - saber se comunicar numa língua estrangeira não é exigência, mas é considerado "um diferencial", segundo a Simetria RH, empresa responsável pelo recrutamento. Serão contratadas entre 5 mil e 7 mil pessoas. O salário e a carga horária não foram informados.
Nesta terça, a fila começou às 5 horas. "Vim mesmo sem saber quanto vão pagar. O desemprego está terrível, não se pode perder essa possibilidade. Ser na Olimpíada ou não, pra mim, não faz diferença", contou a desempregada Renata Santos, de 20 anos, que nunca trabalhou na área - prestou serviços em salões de festas e em shopping centers apenas.
"Não tenho experiência alguma, mas acho que isso não deve ser um problema. Só espero que não tenha nenhum caso de terrorismo, porque o Rio já tem problemas de segurança suficientes", disse Samara de Jesus, de 18 anos, que tenta um emprego para ajudar a família.
Segundo a Sesge, "profissionais do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) atuarão no monitoramento e avaliação da operação de todos os equipamentos utilizados. Já equipes do Departamento da Força Nacional de Segurança Pública (DFNSP), na supervisão da operação de segurança de controle do acesso às instalações, realizando, entre outras atividades, as revistas pessoais quando necessárias, além da checagem das credenciais e demais exigências de acesso às instalações." Em nota, a secretaria afirmou ainda que a Artel já "submeteu para avaliação de antecedentes cerca de 30 mil candidatos aptos à contratação."
O Comitê Rio 2016 informou que não trata de assuntos de segurança. Responsabiliza-se apenas pela contratação de serviços das áreas de hotelaria, transporte, lojas licenciadas e alimentação. Serão 91 mil trabalhadores, sendo 85 mil terceirizados e 6 mil do comitê, além de 50 mil voluntários.