(Bruno Haddad/Cruzeiro)
O dia 2 de dezembro ratificou o desespero de uma nação e reiterou aquilo que foi a tônica do Cruzeiro ao longo da maior parte da temporada: um time sem inspiração, bagunçado taticamente, fraco tecnicamente (sobram nomes, falta futebol), dono de um ataque ‘descalibrado’ e emocionalmente desestruturado, reflexo de uma crise sem precedentes fora das quatro linhas e que, a cada dia, ganha mais e mais capítulos vexatórios. A derrota por 1 a 0 para o Vasco, com gol de Guarín, em São Januário, colocou à beira do precipício uma história de quase 99 anos. Em outras palavras, o futebol apresentado é de 'segunda categoria'.
A verdade é nua, crua e matemática: a Raposa pode ser rebaixada na próxima quinta-feira (5). Se o Ceará ganhar do Corinthians, na quarta, no Castelão, a equipe estrelada precisará vencer o Grêmio, na Arena do Grêmio, um dia depois, para alimentar chances remotas de permanecer na Série A do torneio.
O filme se repete. Quando Mano Menezes foi demitido, Rogério Ceni chegou como a “última esperança”. Problemas internos e brigas envolvendo o treinador e parte do elenco culminaram na demissão de Ceni, dando lugar a Abel Braga, tido como a “última cartada”. Só que o risco do descenso se manteve, a dança das cadeiras fez uma nova vítima, e Adilson Batista desembarcou com status de “salvador da pátria”.
O primeiro embate do comandante, em sua segunda passagem pela Toca, não surtiu efeito. Embora tenha tentado, Adilson se depara com um quadro aparentemente irreversível no time.Bruno Haddad/Cruzeiro
Cenário este que começou a ficar nebuloso com os escândalos nos bastidores do clube, com direito a aumento da dívida (algo em torno de R$ 450 milhões), denúncias de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, entre outras. A tempestade alcançou o gramado, com salários atrasados, plantel rachado, troca frenética de treinadores e uma escassez de triunfos – somente sete neste Campeonato Brasileiro – que está sendo crucial para o Cruzeiro continuar na 17ª posição, com 36 pontos, dois a menos que o Ceará, 16º colocado.
Antes do jogo contra o Vasco, veio o afastamento de Thiago Neves e o polêmico discurso de Zezé Perrella: “jogador de futebol está ganhando tanto dinheiro que se ficar dois meses sem receber, não é possível que vai fazer falta”. Diante do Grêmio, é “tudo ou nada”, como tantas vezes disse Abel Braga, mas que acabaram resultando em “nada”. A esperança é a última que morre, mas desse jeito o rebaixamento é quase iminente. E agora, Zezé?