Boa parte da esperança dos torcedores atleticanos está depositada nas mãos dele. Neste domingo (6), o acupunturista japonês Fumio Takahashi encerra a primeira parte do tratamento da grave lesão sofrida por Ronaldinho Gaúcho há dez dias, que ameaça tirá-lo do Mundial Interclubes da Fifa, em dezembro. Em breve, ele voltará a Minas Gerais para pôr em prática a segunda etapa.
Tido como um verdadeiro pai por Ronaldinho, Takahashi desembarcou em Belo Horizonte no dia seguinte à confirmação da contusão na coxa esquerda e passou praticamente 24 horas ao lado do craque, dividindo o tratamento com o departamento médico do clube. Ontem, com muito bom humor, ele conversou com o Hoje em Dia, quando mostrou bastante otimismo com relação à recuperação e contou como R10 vem reagindo ao tratamento.
Como o senhor avalia esta primeira fase do tratamento?
Está indo muito bem. Ainda é muito cedo. Foi apenas uma semana. Não dá para falar quando ficará liberado, senão seria muito fácil. Nenhum atleta teria problema. A lesão foi grave. Precisamos ter calma e paciência.
Qual o próximo passo do trabalho do senhor?
Neste domingo (hoje) faremos a última sessão desta primeira etapa. Aí volto para Curitiba, onde moro, e vou para o Japão no início da semana porque tenho trabalhos lá. Vamos avaliar como ele vai reagir e traçar o planejamento seguinte.
Quantas sessões por dia ele estava fazendo?
Duas ou três, depende. No começo a gente faz mais. São sessões de uma ou meia hora que acontecem na casa dele e aqui no Atlético. Estou trabalhando em parceria com o departamento médico. Então tenho que ver a programação dos médicos também.
Como a acupuntura auxilia no tratamento?
Melhora a circulação sanguínea, o que adianta bastante na cicatrização. Ainda estamos na fase de unção do músculo, tendão e até cartilagem. Esse processo não é fácil. Operar é mais simples, mas demora mais.
E como o Ronaldinho Gaúcho está reagindo?
Ele confia muito no meu serviço. Isso é muito importante. Ele está seguro, se sentindo melhor a cada dia, mas ainda está longe de jogar.
Como começou a trabalhar com ele?
Eu o conheço desde que ele tinha oito anos. Comecei tratando o Assis, quando ele era jogador. Ele estava tratando uma lesão no tornozelo com um médico e não estava satisfeito com o resultado. Aí ficou sabendo do meu trabalho e me chamou. Pouco tempo depois conseguiu voltar a treinar e acabou gostando da técnica. Então passou a se tratar comigo ao longo da carreira.
E com o Ronaldo, como foi?
Quando ele se machucou no Barcelona, o Assis me ligou e fui para lá colaborar.
Qual das duas contusões era mais grave: aquela ou a atual?
A mais complicada foi a que o Ronaldinho sofreu no Barcelona. O músculo abriu cerca de um centímetro. Ele não podia nem andar.
E quanto tempo para recuperar?
Três meses.
Essa confiança da família acabou virando uma amizade?
Ele perdeu o pai muito cedo. Então ele me estima como se fosse o pai dele. Tenho o mesmo carinho e intimidade como tenho com meus filhos. A mãe também é muito amiga nossa. Antes do Ronaldinho mesmo me ligar na semana passada, a Dona Miguelina já tinha ligado três vezes pedindo para vir para Belo Horizonte. Eu nem estava sabendo ainda que ele tinha machucado.
Além do Ronaldo, quem mais o senhor já tratou?
Muita gente. Um vai falando para o outro. Fred, Tiganá, Drogbá, Deco, Messi e muitos outros. E olha que nunca fiz propaganda.
A torcida do Atlético deposita muita confiança no senhor. Como convive com essa responsabilidade?
Divido a responsabilidade com o Rodrigo Lasmar, mas estou com fé. Eu sempre falo para o paciente: prometer, eu não prometo nada, mas eu acho que dá para ele jogar no fim do ano.