No organograma do São Paulo está vago o cargo de técnico e existe, desde esta terça-feira (6), somente uma pessoa na cúpula, o solitário presidente do clube, Carlos Miguel Aidar. O cartola convocou todos os diretores e solicitou que pedissem demissão. Com isso, ampliou a crise gerada pela briga com o ex-vice-presidente de futebol, Ataíde Gil Guerreiro.
Na tarde desta terça-feira, Aidar se reuniu com diretores no estádio do Morumbi e antes de oficializar as mudanças, recebeu em sua sala o colombiano Juan Carlos Osorio. O técnico avisou que deixava o cargo após quatro meses e vai assumir imediatamente a seleção do México.
O presidente do clube pediu em nota oficial a saída dos seus seis vice-presidentes e de mais de 20 diretores. "Solicitei a todos os diretores que apresentassem um pedido coletivo de demissão. Essa atitude permitirá uma recomposição da diretoria", disse o texto.
A primeira pessoa a deixar o clube era o nome de maior confiança de Aidar. O vice-presidente de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, foi exonerado ainda pela manhã, um dia depois de ter uma discussão ríspida com o presidente do clube durante reunião semanal em café da manhã em um hotel na zona sul de São Paulo.
Segundo o site da revista Veja, Ataíde chegou a dar um soco em Aidar e precisou ser contido. Em conversa com a reportagem, o presidente negou ter sido agredido. Já o ex-vice de futebol não atende telefonemas desde segunda-feira.
O desentendimento entre os dois começou enquanto conversavam sobre a busca por um técnico. A saída de Osorio já era tratada como inevitável e a dupla, responsável por negociar com o colombiano, debatia sobre o substituto, até se desentender durante o encontro. A repercussão do conflito com o então braço direito do seu comando levou Aidar a tomar a atitude mais drástica do seu um ano e meio de gestão: o anúncio da troca de toda a diretoria. O objetivo, segundo ele, é a pacificação do clube. "Chega de disputas políticas internas que nada acrescentam na vida do nosso clube. É hora de todos nós, são-paulinos, nos unirmos para o bem da instituição", afirmou.
Antes do anúncio das trocas no clube, alguns diretores haviam iniciado um movimento para entregarem os cargos. Em solidariedade à demissão de Ataíde, o diretor de futebol, Rubens Moreno, foi o primeiro a colocar o cargo à disposição e foi seguido por outros colegas.
Ataíde era o responsável pelas contratações e pela interlocução entre a diretoria e o elenco. O ex-dirigente já havia iniciado, inclusive, a busca por reforços para o próximo ano e entrado em contato com clubes e representantes de jogadores. As contratações buscadas foram por sugestões do ex-técnico Osorio.
MUDANÇAS - Aidar prometeu para os próximos dias o anúncio do novo técnico e de membros da diretoria. Mesmo alguns ex-integrantes podem voltar a compor a nova cúpula. A decisão causou uma nova mudança no jogo de forças entre oposição e situação e pode ter causado rupturas políticas nos bastidores do Morumbi.
O episódio desta terça-feira foi o capítulo mais agudo de um clube bastante dividido. A cisão começou com a briga entre Aidar e o antecessor e antigo aliado político, Juvenal Juvêncio. Na última reunião do Conselho Deliberativo, no fim de setembro, um grupo de 62 membros assinou uma moção de desconfiança à atual gestão. O item não chegou a acrescentado na pauta e por exigir um quórum significativo, dificilmente será votado em ocasiões
futuras. Porém, dentro do São Paulo teve representatividade como mais um ato de reprovação política ao presidente.
O presidente do Conselho Deliberativo do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, prometeu que vai analisar o ocorrido nesta terça-feira e não descarta investigações internas sobre a decisão de Aidar. "As coisas já vinham se somando e acontecendo no clube de forma gradual. Vamos esperar para que essa movimentação se acalme para iniciarmos uma avaliação",v explicou o dirigente, adversário político do atual presidente do clube.