(DON EMMERT/AFP)
A carreira do francês Lucas Pouille não será a mesma depois do US Open. Aos 22 anos, o tenista ganhou notoriedade ao eliminar o espanhol Rafael Nadal, que até então não tinha perdido um set sequer no Grand Slam norte-americano, e se consolidar entre os novos nomes do esporte.
O número 25 do mundo volta a jogar nesta terça-feira, diante do compatriota Gael Monfils.
Pouille vive uma ascensão vertiginosa no ranking e o bom desempenho em Nova York deve garantir sua entrada no Top 20.
O francês ultrapassou pela primeira vez a barreira dos cem melhores do mundo em abril do ano passado, em poucos meses superou o espanhol David Ferrer duas vezes e o francês Richard Gasquet e continua sua escalada no circuito.
Após bom desempenho em Wimbledon, atingiu o 21º lugar - sua melhor colocação da carreira - e, desde então, vem oscilando nesse patamar.
O crescimento do tenista está ligado à mudança para Dubai. Em 2015, Pouille foi para os Emirados Árabes Unidos, onde encontrou condições de treinamento ideais.
As baixas temperaturas deixaram de ser um problema para o francês, que teve chance de treinar ao lado de Roger Federer e Andy Murray e trocar experiência com os melhores do mundo nesta temporada.
Nascido em Grande-Synthe, no norte da França, Pouille começou a jogar tênis aos 8 anos. O francês dava seus primeiro passos no futebol quando um clube de tênis foi construído a 400 metros de sua casa.
Um amigo de seu pai perguntou ao garoto se ele gostaria de experimentar as raquetadas e, assim, o menino conheceu o novo esporte. Aos 12 anos, deixou sua cidade natal para integrar um programa de treinamento da federação francesa em Poitiers.
Três anos mais tarde, ingressou no Instituto Nacional do Esporte, da Expertise e da Performance (INSEP) e teve certeza de que iria seguir carreira no tênis. Foi atrapalhado por uma série de lesões entre os 15 e 18 anos.
Nesse período contou com o apoio da família - o pai Pascal, a mãe Lena e os dois irmãos Nicolas e Jonathan.
Filho de pai francês e mãe finlandesa, que se conheceram na Inglaterra, o tenista tinha dupla nacionalidade até os 18 anos. Depois de recusar o serviço militar do país nórdico, Pouille fez uma escolha.
E ele já deu mostras de seu amor à camisa francesa. Benoit Paire herdou a vaga de Richard Gasquet nos Jogos Olímpicos do Rio, mas acabou excluído da delegação por mau comportamento.
Pouille, que vinha logo atrás de Paire no ranking, ficou bastante irritado com o compatriota e declarou após a segunda rodada do US Open: "Há quem cuspa sobre o uniforme da equipe francesa, eu o venero."
Com esse orgulho latente, o tenista defendeu a França contra a República Checa nas quartas de final da Copa Davis e garantiu um ponto diante de Jiri Vesely. A oportunidade veio graças ao capitão Yannick Noah, que acompanhou de perto Pouille desde o início e foi uma espécie de mentor do tenista.
Outros nomes de peso também têm impulsionado o jovem jogador no circuito. Desde 2012, Pouille tem sido guiado por Emmanuel Planque, antigo treinador de Michael Llodra e Fabrice Santoro.
O técnico mostrou rigidez depois da derrota do pupilo para o croata Borna Coric no Masters 1000 de Indian Wells. Foi o despertar do francês, que tem dado resposta em quadra. A evolução leva a crer que o jovem tem potencial para se tornar o tenista número 1 da França em alguns anos.
A previsão é dos compatriotas Jo-Wilfried Tsonga e Gael Monfils, que avaliam que Pouille é superior a qualquer antecessor na mesma idade.
E os franceses fazem referência aos aspectos técnicos, táticos, físicos e também à atitude. Determinação que Pouille mostrou contra Nadal e promete exibir novamente nas quartas de final do US Open.