A equipe brasileira de ginástica rítmica deixa Toronto com duas medalhas de ouro (geral e cinco fitas) e uma prata (seis maças e dois arcos) nos Jogos Pan-Americanos. A busca pelo alto nível técnico exigiu sacrifícios das atletas, que tiveram de lidar com uma rotina bastante regrada.
Ana Paula Ribeiro, Beatriz Pomini, Dayane Amaral, Emanuelle Lima, Jéssica Maier e Morgana Gmach e mais algumas garotas dividem dois apartamentos em Aracaju, sede da Confederação Brasileira de Ginástica. "Precisam estar juntas. Para a gente chegar nesse nível de sincronismo e execução mais próximo da perfeição, requer muito treinamento", afirma a técnica Camila Ferezin.
Sem a família das atletas por perto, a treinadora também ajuda na vida particular das ginastas. "As mães confiam em mim, que eu estou cuidando das meninas. Para fazer isso, é preciso muita disciplina", afirma. O rigor começa na alimentação. A capitã - Débora Falda se lesionou e foi substituída por Beatriz no Pan - é responsável por trancar a porta da cozinha a partir das 22h30, horário que devem dormir, para que ninguém "assalte" a geladeira durante a noite.
Com o auxílio de uma nutricionista, as brasileiras fizeram uma dieta de olho no peso ideal para a modalidade durante o Pan de Toronto e eliminaram até 7 kg. De acordo com Ferezin, é fundamental ter um corpo magro e longilíneo. Além do sobrepeso, a bulimia também é uma preocupação. A técnica destaca que o biotipo da brasileira exige mais esforço para se encaixar no padrão estabelecido.
Mas, depois da competição, as meninas terão quatro dias de folga e voltarão para a casa das famílias. E Camila sabe que é impossível evitar escorregões durante o período de descanso. "Agora dão uma relaxada, vão para casa e a mamãe quer agradar à filha." Nem as mães escapam dos puxões de orelha. "Já chegamos ao pontos de ligar para a mãe cuidar da alimentação da filha, não fazer bolo, não deixar comer fritura, beber refrigerante. A gente pega no pé, mas é um pré-requisito da modalidade", alega.
Apesar do estilo de vida linha-dura, o grupo cria fortes laços afetivos. "Acaba virando uma família porque a gente passa mais tempo juntas do que com nossos familiares. Em meu grupo de Winnipeg (Pan de 1999), nós somos amigas até hoje", diz Ferezin, relembrando seus tempos de ginasta.
http://www.estadao.com.br