(Denis Dias)
"Atleticanas. Contra o machismo, racismo, homofobia e todo tipo de preconceito e discriminação no futebol." Foi com esta linha de pensamento, ou ideologia, que um grupo de atleticanas se uniu nas redes sociais e, fortalecido, acabou rompendo limites e fronteiras do mundo virtual.
Pelo Galo e, principalmente, batalhando por respeito, hoje elas são presença certa também nas cadeiras das arenas belo-horizontinas.
Denominado "Grupa", em resposta à pessoas que ironizavam a iniciativa, chamando-a de "panelinha" e/ou "grupinho", o time das meninas apresenta também um código de conduta bem definido.
"Somos 100% apoio, 'anti-corneta' e fazemos análises táticas. Não usamos xingamentos homofóbicos, não vaiamos o time, técnico ou jogador, e jamais vamos tolerar quem xinga bandeirinha por ela ser mulher", explicam.
Formado por Alices, Aurélias, Flávias, Gabrielas, Lucienes, Marinas, Tatianas, Elens, Renatas e tantas outras, o Grupa espera congregar quem se sente isolado, inseguro ou mesmo deseje estar em volta de torcedores e torcedoras que se divertem com o futebol sem precisar se utilizar de argumentos preconceituosos e violentos para isso.Daniel Teobaldo
Como e quando surgiu?
"No desfile de apresentação de uniformes feito pelo Atlético em 2016, várias mulheres não se sentiram representadas. Resultado: fizemos uma nota de repúdio. Depois disso, fomos atacadas virtualmente e nos unimos por uma necessidade social de suportarmos juntas os ataques e de nos fortalecermos enquanto mulheres no futebol. Fomos construindo essa amizade ao longo do ano e fomos nos tornando parte de uma grupa. O diálogo e a sororidade surgiram no ambiente virtual do Twitter, mas ganhou encontros presenciais, principalmente em dia de jogos do Galo."
Quantas integrantes tem?
"Não temos como precisar. Éramos um grupo reduzido que se comunicava entre Mensagens Diretas no Twitter, mas, como a cada dia mais mulheres e homens nos procuram para fazer parte, criamos um endereço @grupacam, que pretende estar aberto a toda aquela e aquele que queira participar. Cada dia mais pessoas nos procuram e querem nos encontrar e conhecer. Como estamos abertas a isso, achamos ótimo."
Homens são bem vindos ou é um grupo restrito?
"Sempre foram, e muitos participam desde o início. Quando vamos ao jogos, encontramos com vários amigos, levamos irmãos, pais, namorados, maridos… O fato de ter um nome feminino, apenas por diversão, não deveria sequer parecer que não aceita homens, já que o contrário seria visto como normal. No entanto, procuramos criar um ambiente de empatia e segurança entre mulheres. A presença masculina não é restrita."
O grupa vai se tornar uma espécie de torcida organizada?
"Digamos que não é uma questão que está presente nos encontros da Grupa. A Grupa não perde a oportunidade de se encontrar pessoalmente, principalmente em jogos do Galo, o que não nos credencia como torcida organizada. Estamos mais para uma “Bagunça Organizada”, seguindo uma boa tradição atleticana."Arquivo Pessoal