(Eduardo Martins)
A principal competição de futebol do país foi batizada em 1971 como Campeonato Brasileiro. Mas, a cada temporada, a disputa que mexe com a emoção dos torcedores vai ficando cada vez mais polarizada e menos nacional. A próxima edição da Série A terá representantes de apenas oito estados dos 27 do Brasil. Mais do que isso: Goiás, de Goiânia (GO), e Sport, do Recife (PE), vão representar os únicos estados fora das regiões Sul e Sudeste do país na disputa, deixando cada vez mais clara a influência do poderio econômico no mapa do Brasileirão. Bahia e Vitória, tradicionais equipes brasileiras, confirmaram a queda para a Série B no último domingo, fazendo o Nordeste perder ainda mais força na Primeira Divisão. Por outro lado, o futebol mineiro vive um dos melhores momentos da história. A situação alterou até mesmo a geografia da competição. Com seis times, Minas Gerais já é, ao lado do Rio de Janeiro, o segundo estado com mais clubes nas três principais divisões do Campeonato Brasileiro, deixando para trás Rio Grande do Sul e Paraná, tradicionais forças do esporte. São Paulo segue soberano, com 11 equipes nas Séries A, B e C. Não foram apenas Atlético e Cruzeiro que fizeram bonito na temporada que terminou no último domingo. O Tombense, clube da Zona da Mata, também brilhou em 2014, conquistando a vaga na Terceira Divisão com o título da Série D, em sua primeira participação na disputa. O cenário só não foi ainda mais positivo para o Estado por causa de uma lambança da diretoria do América, que escalou o lateral-esquerdo Eduardo de maneira irregular, o que provocou a perda de seis pontos para o clube. Não fosse isso, o Coelho estaria na elite do futebol nacional ao lado de Atlético e Cruzeiro. O Boa Esporte, na Série B, e o Tupi, na C, completam a lista dos representantes mineiros no Brasileirão. Com a queda do Botafogo e a volta do Vasco à Série A, o Rio de Janeiro segue com três clubes na Primeira Divisão, um a mais que Minas e dois a menos que São Paulo, que conta a partir da próxima temporada com o retorno da Ponte Preta à elite do futebol nacional. Uma situação curiosa é vivida no Distrito Federal. Brasília teve o estádio mais caro construído para a disputa da Copa do Mundo de 2014. Apesar dos mais de R$ 1,7 bilhão investidos no Mané Garrincha, a capital federal não tem nenhum time disputando as três principais divisões do campeonato. O único representante no Brasileirão, que jogará a Série D, será definido no Estadual do DF no ano que vem. Gangorra é a marca dos nordestinos na Série A A “gangorra” dos clubes do Nordeste na Série A do Campeonato Brasileiro já virou uma rotina. Desde o início da era dos pontos corridos, em 2003, o maior desafio dos representantes da região é conseguir uma sequência na elite do futebol nacional. De 2003 para cá, oito clubes nordestinos disputaram a Série A. Entretanto, nenhum conseguiu participar das 13 edições de forma consecutiva, já considerando a competição de 2015. O clube com maior sequência é o Bahia, com quatro disputas seguidas (2011, 2012, 2013 e 2014). Já o recordista de participações na Primeira Divisão é o Vitória (7), seguido por Sport (6), Bahia e Náutico (5), Fortaleza (3), Ceará (2), Santa Cruz e América-RN (1). O time potiguar, inclusive, caiu para a Série B na lanterna do torneio, em 2007, fazendo a pior campanha da Série A desde 2003. Em 38 rodadas, a equipe de Natal somou apenas 17 pontos, com quatro vitórias, cinco empates e 29 derrotas. A sina dos representantes nordestinos parece mesmo ser de idas e vindas na Série A. Das 12 já realizadas, somente em duas (2005 e 2008) não houve nenhuma queda de algum time da região. Nesta temporada, como Vitória e Bahia foram novamente rebaixados, a competição de 2015 terá o número mínimo de representantes do Nordeste com o Sport, assim como havia acontecido em 2004 e 2005, quando o torneio foi disputado por Vitória e Fortaleza, respectivamente. Por outro lado, o Vitória foi o representante da região que alcançou a melhor colocação nas 12 edições. Em 2013, o Leão baiano ficou na quinta posição, com 59 pontos, deixando escapar por pouco a vaga na Libertadores. A resposta para esse contexto da falta de regularidade pode ser a preparação das equipes, que disputam estaduais mais fracos em relação aos outros concorrentes, mas também o aspecto financeiro.
Confira como ficará a geografia do futebol brasileiro