(Stacy Revere)
O menino que cresceu sonhando ser Michael Jordan realiza o último ato em quadra nesta quarta-feira, às 23h30 (de Brasília), como Kobe Bryant contra o Utah Jazz. O fã não superou o ídolo. Se posicionou muito próximo dele. Ao falar da história do basquete será impossível não mencionar o camisa 24 (usou o 8 até 2006) do Los Angeles Lakers. O ginásio Staples Center, sua casa nas 16 de 20 temporadas na NBA, será o palco do desfecho de uma das carreiras mais brilhantes do esporte da bola laranja.
O "Farewell Tour" (tour de despedida) começou após 29 de novembro de 2015, quando Kobe publicou uma carta destinada ao basquete para anunciar que esta seria a sua última temporada. "Meu coração pode manter a batida, minha cabeça pode lidar com a rotina, mas meu corpo sabe que está na hora de dizer adeus...", escreveu.
Desde então, o camisa 24 dos Lakers vive momentos que só quem foi um dos maiores da história poderia viver. Por onde passa, é idolatrado, aplaudido em ginásios até onde foi odiado, recebe os cumprimentos até de quem sempre foi seu arquirrival em quadra.
Para Kevin Durant, Kobe sempre foi o ídolo máximo de uma geração. "Eu o idolatrei, estudei, queria ser como ele. Ele era nosso Michael Jordan". Já LeBron James, que nunca negou a obsessão por ser melhor que Kobe, se mostrou triste com o adeus do astro. "Sempre disse que minha inspiração veio do Michael, mas sempre achei que Jordan estava tão fora desse mundo que nunca poderia chegar lá. Kobe foi alguém que eu sempre quis ser e jogar como. Sabia que eu tinha que ser melhor por causa de Kobe Bryant", disse o camisa 23 do Cleveland Cavaliers, que, em seu último jogo contra Kobe, ganhou de presente um tênis autografado.
LeBron lamenta o fato de nunca ter disputado uma final da NBA contra Kobe. O mais próximo que chegou foi em 2009, quando, pelos Cavs, foi derrotado pelo Orlando Magic na final da Conferência Leste. "O mundo queria ver isso. Queria, ele (Kobe) queria, todos queríamos. Ele conseguiu aguentar, eu não consegui. Odeio isso. Odeio que aquela final não tenha acontecido".
Dono de cinco títulos da NBA e com médias de 25 pontos por jogo ao longo da carreira, Kobe alimentou rivalidades não somente com adversários. O temperamento explosivo rendeu uma briga com Shaquille O'Neal, companheiro no tricampeonato em 2000, 2001 e 2002, e Dwight Howard. Ambos deixaram os Lakers após se desentenderem com o astro.
Já outros profissionais têm uma relação muito próxima. Os maiores exemplos são o ex-armador Derek Fischer e o técnico Phil Jackson, parceiros de Kobe em todos os seus títulos na NBA. O técnico, aliás, campeão da NBA em 11 vezes (seis com o Chicago Bulls de Michael Jordan e cinco com o Los Angeles Lakers de Kobe), é considerado praticamente como um pai para o camisa 24.
JORDAN - "Ele é o mais perto de Jordan que nós vimos". Essa frase foi dita por Magic Johnson, contemporâneo de Jordan e considerado o grande astro dos Lakers antes de Kobe. As palavras do cinco vezes campeão da NBA, assim como Kobe, refletem a realidade, pois Kobe e Jordan têm estatísticas parecidas na carreira. Mais do que isso: o astro dos Lakers sempre quis ser como o ídolo e, há dois anos, admitiu que roubou alguns movimentos, não apenas a mania de colocar a língua para fora da boca na hora de arremessar.
"Efeito dominó. Eu roubei algumas coisas dele
esta geração rouba algo de mim", admitiu Kobe. Jordan não criticou o fã. "Apesar de ter roubado as minhas jogadas, não me importo. Eu o considero um dos maiores de todos os tempos". Kobe Bryant se despede. O legado permanecerá vivo.
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