Chegaram ao fim neste domingo (19) as competições de ciclismo de pista dos Jogos Pan-Americanos de Toronto. Sem um velódromo para treinarem no País, os brasileiros conquistaram duas medalhas, ambas de bronze, e encerraram um jejum de 20 anos sem que o País fosse ao pódio do Pan, tabu que durava desde os Jogos de Mar del Plata.
Neste domingo foram disputadas quatro finais, mas o Brasil não brigava por medalhas em nenhuma delas. Havia alguma expectativa pelo resultado de Flávio Cipriano no keirin, mas ele terminou no quarto e último lugar da sua bateria e não avançou às finais. O brasileiro chegou a comemorar a classificação, em terceiro, mas a punição que havia sido imposta a Jair Tjon En Fa, do Suriname, acabou retirada.
Flávio depois, superou o norte-americano Matthew Baranoski (oitavo do mundo) para terminar no sétimo lugar. O brasileiro é o quarto melhor das Américas no ranking mundial do keirin e briga por uma vaga na Olimpíada.
No Omnium feminino, competição que combina seis provas e premia a ciclista mais completa, Wellyda Rodrigues foi apenas a nona colocada depois de desistir da última prova. No masculino, sexta-feira, Gideoni Monteiro ganhou o bronze.
A outra medalha brasileira em Toronto veio com Flávio Cipriano, Kacio Freitas e Hugo Osteti, quinta, na prova de velocidade por equipes. Na disputa individual, sábado, Cipriano chegou à disputa pelo bronze, mas terminou no quarto lugar. Perdeu do sexto colocado do ranking mundial.
Na prova de perseguição por equipes, o Brasil ficou em quinto. Cristian Egídio, Endrigo Rosa e Thiago Nardin, que competiram junto com Gideoni, ainda participam das provas do ciclismo de estrada, nas quais são especialistas. Alice Leite participou da prova feminina de velocidade, mas ficou longe da disputa pelo pódio, em 12.º.
Gabriela Yumi, atual vice-campeã do Campeonato Pan-Americano, sentiu um mal súbito durante os treinos, já em Toronto, foi diagnosticada com apendicite, e acabou cortada da competição. Isso impediu um resultado ainda melhor do Brasil no Pan.
O ciclismo de pista é a única modalidade na qual o Brasil não tem a menor possibilidade de receber convite para os Jogos Olímpicos. O País tem chances reais de classificação com Gideoni (no Omnium) e Cipriano (keirin). Por enquanto, ambos estão fora da zona de classificação, por pouco.
Ambos treinam na Suíça desde que a União Ciclística Internacional (UCI) resolveu intervir e levou alguns atletas para treinar no seu centro de formação, incluindo todos os medalhistas do Pan. Hugo Osteti, por exemplo, competia no BMX até o ano passado e só recentemente migrou para o velódromo.
Quem treina no Brasil não tem um local adequado para evoluir. Os poucos velódromos existentes são de concreto ou cimento, descobertos (e por isso suscetíveis a vento e precipitações) e a maioria não conta com iluminação. Os principais ficam em Americana (SP), Caieiras (SP), Maringá (PR) e Curitiba (PR). A primeira parte de um velódromo construído em Indaiatuba (SP), pelo governo federal, foi entregue no fim do ano passado.
O velódromo do Rio, vale lembrar, foi desmontado em 2013, depois de seis anos subutilizado. Ele não poderia ser sede das competições olímpicas por falhas de engenharia. Já o velódromo construído para o Pan de 1963, em São Paulo, na USP, vinha sendo utilizado para festas universitárias, sem menor condição de uso por ciclistas.
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