O próximo ciclo olímpico promete ser de dificuldades para os atletas brasileiros. Sem o apelo de ter uma Olimpíada em casa e com a crise financeira atingindo governos e empresas privadas, ninguém mais esconde que o investimento no esporte nos próximos quatro anos será menor. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) corre para tentar fechar novos contratos de patrocínio, e até mesmo as campeãs olímpicas Martine Grael e Kahena Kunze demonstram receio quanto a isso.
Para os Jogos do Rio-2016, o COB recebeu investimentos na casa de R$ 1,4 bilhão nos últimos quatro anos. O País encerrou a competição com 19 medalhas e o 12.º lugar na soma total de pódios - a meta projetada era ser Top 10. Em Londres-2012, o Brasil havia conquistado 17 medalhas. Do montante recebido pelo COB, cerca de R$ 700 milhões vieram em repasses por meio da Lei Agnelo-Piva, e o restante com a injeção de recursos de patrocinadores privados.
O problema é que, agora, os contratos com empresas privadas estão se encerrando e até os repasses do governo tendem a diminuir. "Os patrocinadores que existem vão até 31 de dezembro, mas a equipe está trabalhando já. Não é um trabalho fácil, todos têm sentido isso. O próprio período não facilita, final de ano, início de ano, férias, mas certamente vamos ter resultados", afirmou o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, nesta quinta-feira.
Mesmo sem demonstrar muita convicção, ele acredita que alguns contratos poderão ser renovados. "O trabalho está sendo feito. Acho que a manutenção daqueles que quiserem é muito importante, porque já conhecem como a gente trabalha, as confederações, os atletas. Nós esperamos que possa seguir, senão já tem muitos que não estiveram e já demonstraram interesse em conversar."
Nuzman, contudo, admite que os valores serão menores. "Não se pode comparar os patamares de Jogos Olímpicos dentro de casa. Nenhum país conseguiu ter o mesmo patamar. Mas eu acho que o importante é que eles existam e que vão crescendo", destacou.
As campeãs olímpicas Martine Grael e Kahena Kunze também demonstram certa preocupação com patrocínios. "Patrocinador é sempre uma incógnita. Vida de atleta é assim mesmo, a gente nunca sabe como vai ser o dia de amanhã. A gente espera pelo melhor, mas preparadas para o pior", disse Martine.
A dupla também já sente os efeitos da crise. "Deu uma mexida (nos patrocínios). A gente tem a Embratel pelas leis de incentivo, mas por causa da crise eles estão meio indecisos. Ainda não foi aprovada, o que é um pouco ruim", comentou Kahena.
A dupla de velejadoras e o presidente do COB participaram da cerimônia que selou a parceria entre a Confederação Brasileira de Vela (CBVela) e BR Marinas, empresa que administra a Marina da Glória. O local, que sediou a competição de vela nos Jogos do Rio, será sede da confederação a partir de agora.
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