Atlético 109 anos: o 'gêmeo' do Galo que luta à beira do amadorismo no futebol do Equador

O site oficial está fora do ar. A última postagem no Twitter foi em 10 de agosto de 2015. No Facebook, a atualização mais recente completará quatro anos neste domingo. Contudo, ele ainda está lá, vivo. Enquanto o Atlético festeja 109 anos de história neste sábado (25), um "gêmeo" desconhecido e acidental do clube mineiro tenta sobreviver em um canto do Equador, na província de El Oro. Mais precisamente numa pequena cidade de menos de 50 mil habitantes distribuídos em 63,7 km² de área, a metros da fronteira com o Peru, chamada Huaquillas. 

O Club Atlético Mineiro de Huaquillas é pouco conhecido até mesmo no Equador. Mas chama a atenção não só pelo nome. Apesar de o presidente Enrique Pulla afirmar que a criação da equipe de futebol, em julho de 2008 não tem nenhuma relação com o "homônimo" famoso de Belo Horizonte, a data de fundação (centenário do Atlético) e semelhanças no escudo da equipe podem "depor" contra. 

As iniciais CAM aparecem em um brasão com listras verticais pretas, assim como era no Atlético nas décadas de 1940/50. De maneira indireta, portanto, o clube fundado em 1908 no coreto do Parque Municipal de BH inspirou no surgimento do Atlético do Equador. Outro fator preponderante é na grafia da palavra "Mineiro". De acordo com o jornalista Paulo Carrión, de Manchala, capital de Del Oro, o CAM-EQU nasceu pelo apoio de uma empresa de mineração. Entretanto, "Mineiro" em espanhol não tem a letra "i", algo aportuguesado em Huaquillas. Há fatores que diferenciam o clube "fronterizo", como a cor dourada no uniforme predominantemente branco. 

"Não temos nenhuma ligação entre os clubes. Até gostaria de ter uma aproximação com o Atlético brasileiro, mas só há o nome em comum entre os clubes mesmo. Ficamos agradecidos deste coincidência, mas somos independentes", disse Don Enrique Pulla, presidente e fundador do clube, ao Hoje em Dia. 

Muito diferente do que passa Juan Cazares e Frickson Erazo no Galo, os jogadores do CAM de Huaquillas vivem na beira do amadorismo. O time que prepara uma festa de 10 anos de existência para o ano que vem começa os trabalhos para estrear no próximo fim de semana no torneio "Segunda Categoria de la província de El Oro". O maior e único sucesso até o momento foi um vice-campeonato em 2015. 

ESCALADA
O futebol equatoriano possui três divisões profissionais. A Série A, a Série B e a Segunda Categoria. Esta mais rebaixada é sub-dividida em fases provinciais, regionais e nacionais. No primeiro semestre de cada ano, há os torneios das 24 províncias do país. Entre elas, a Segunda Categoria de El Oro, onde está do Atlético de Huaquillas. 

O campeão e o vice-campeão (dependendo do tamanho da província) se classificam para a 2ª Categoria nacional, onde há a divisão de dois grupos por zona (El Oro fica na zona sulista), no que se caracteriza a disputa regional. Com 10 partidas de ida e volta, os quatro melhores classificados de cada zona regional vão para a etapa nacional. Novos jogos de ida e volta para determinar, sempre no sistema de pontos corridos, o campeão e vice que irão ascender à Série B.  Na última edição disputada, o campeão foi o Club Deportivo América, de Quito e o vice, o Santa Rita de Los Ríos.Twitter/Atlético-EQU 

Atlético do Equador celebrando o vice-campeonato da "Segunda Categoria de El Oro" em 2015

"FUTURO CAMPEÃO DE EL ORO"
Com mudanças no comando técnico, contratações de ex-jogadores do Orense SC, o Atlético de Huaquillas sonha em confirmar o slogan que carrega na camisa: "O futuro campeão de El Oro". Para tanto, a maior inspiração é o único clube da província que chegou e se manteve na elite do futebol do país. O Fuerza Amarilla, de Manchala, atualmente em 8º lugar.

A Segunda Categoria de El Oro começou neste fim de semana. Entretanto, por ter dois grupos de cinco times, sempre em uma rodada uma equipe descansará. Na primeira semana, o Atlético Mineiro de Huaquillas estará de folga. Porém, na segunda rodada, entre em campo como mandante para encarar o Santos FC, da província de El Guabo, no acanhado estádio Humberto Arteta (veja abaixo). Este sim, uma cópia exata do Santos da Vila Belmiro.