Décimo segundo jogador, combustível do time em campo, aquele algo a mais...Vários são o adjetivos utilizados pelos jogadores do Atlético para descrever a torcida ao longo da brilhante e sofrida campanha rumo ao título da Libertadores 2013. O Atlético superou as adversidades, passou por adversários difíceis e classificações eletrizantes para, em seus 105 anos de histórias e glórias, conquistar a América pela primeira vez.
Primeiro, a Massa, como é chamada a torcida alvinegra, transformou o Independência em um caldeirão e garantiu supremacia total e a invencibilidade jogando em seu estádio. Sim senhores, caiu no Horto, morreu! Foram seis jogos e 117.883 pagantes infernizando a vida de quem jogou por lá, carregando o time até o último minuto de cada confronto. Na final, foi a vez de transformar o Mineirão em terreiro do Galo e empurrar o time até a conquista do inédito título.
“Massa nunca se mostrou tão unida, determinada e confiante, e isso começou ainda em 2012, com a implementação do sistema de sócio-torcedor, com a contratação de renegados de renome como Ronaldinho e Jô, com os mosaicos, e os cânticos de incentivo e apoio (como em prol da recuperação da Dona Miguelina, mãe do Ronaldinho) que praticamente extinguiram as pedantes e lamentáveis incitações à violência comuns a qualquer torcida. Ao meu ver, fizeram os jogadores entenderem e se comprometerem com a realidade do atleticano, que luta com toda raça pra vencer e que não desanima jamais”, contou o produtor de eventos Daniel Rui, 31 anos.
Ao lado de seus amigos, Marcos Flávio marca presença no Independência (Foto: Arquivo Pessoal)
Além do apoio vindo das arquibancadas, aos jogadores dentro de campo, o torcedor atleticano teve outro papel fundamental. Com os programas de sócio-torcedor funcionando de vento em popa, coube à Massa ajudar a financiar o ousado projeto de se montar um elenco que fosse capaz de levar o time a voos mais altos. Começou no ano passado, com a conquista do vice-campeonato brasileiro e se manteve esse ano. Somente com os jogos da Libertadores no Horto, foram injetados R$ 8.323.315 aos cofres do clube. A final, no Mineirão rendeu outros R$ 14.176.146, com um público pagante de mais de 56.557 pagantes.
Mas não é de racionalidade e números que vive o fanático alvinegro, mas sim de paixão. Foram muitas as dificuldades para se acompanhar o time na mais importante conquista de sua história. Jogos com horários difíceis, preços salgados de ingressos e de programas de sócio-torcedor. Mas as dificuldades foram superadas para que pudessem estar ao lado dos que representavam as cores que pintam seus corações. “A torcida do Galo apoiou o time do primeiro ao último minuto em todos os jogos. Não é fácil assistir aos jogos no meio de semana. As partidas acabavam meia-noite e era quase impossível trabalhar no dia seguinte. Com horários ruins e com preços elevados de ingresso, lutamos para estar presente e incentivar o time. Em troca os jogadores lutaram por nós. Juntos conquistamos a tão sonhada Libertadores “, disse o Programador de Produção Marcos Flávio Drummond, 29 anos.
Fernanda Takahashi comemora a vitória na semifinal com sua turma (Foto: Arquivo Pessoal)
A superstição também fez parte do repertório da torcida para dar aquela ajudinha extra ao resultado. Desde o terço lançado ao goleiro Victor, na disputa de pênaltis diante do Newell`s Old Boys na semifinal, que culminou com a defesa salvadora do arqueiro, até crendices como manter a turma e o lugar no estádio. As armas dos torcedores foram muitas e ainda vieram dos astros. Segundo o calendário chinês, que representa seus anos com animais, 2013 é o ano do galo.
“Eu fui em todos os jogos com o mesmo grupo de amigos. E o mais curioso é que somos 5 mulheres e 3 homens! Todos temos o Galo na Veia e assistimos sempre no mesmo lugar, a famosa "escada da sorte"! E lá fizemos várias amizades que acabaram se agregando ao grupo. Hoje somos uma turma grande!”, relatou a arquiteta Fernanda Takahashi, 30 anos. “A Felicidade e a emoção não cabem em mim! Me orgulho de ter começado a ser sócio-torcedora no meio do ano passado, já pensando que poderíamos chegar onde chegamos hoje. Difícil encontrar palavras para expressar o que sinto”, completou.
“Cinco dias após a finalíssima da Libertadores se completam nove anos que meu pai faleceu. Era encantador ver ele falar sobre o tempo em que acompanhava os jogos até se desiludir com o futebol após o fatídico vice invicto de 77 e a desclassificação em 81 (ano que nasci). Quando comecei a ir sem ele ao Mineirão, na década de 90, ele dizia que todo fanatismo era irracional e que minha greve de fome após a perda da Conmebol para o Rosário Central era patética e que não se justificaria nem se nosso time fosse bom como os da época de Guará, Dario, Reinaldo, Luisinho e outros tantos. Agora, principalmente na Libertadores, me pego lembrando do meu pai e cheio de remorso por não poder comemorar esta fase fantástica deste que hoje, sem titubear, considero o melhor Atlético de todos os tempos. Seria minha oportunidade de retribuir a paixão que ele plantou em mim, fazendo com que o amor eterno ao Galo reacendesse no peito dele”, ratificou Daniel.
Confira público e renda dos jogos do Atlético na Libertadores 2013
Atlético 2 x 1 São Paulo-SP
Renda: R$ 961.230,00
Público pagante: 18.187
Atlético 2 x 1 The Strongest-BOL
Renda: R$ 956.590,00
Público pagante: 18.962
Atlético 5 x 2 Arsenal-ARG
Renda: R$ 991.980,00
Público pagante: 19.797
Atlético 4 x 1 São Paulo-SP
Renda: R$ 1.541.350,00
Público pagante: 19.212
Atlético 1 x 1 Tijuana-MEX
Renda: R$ 1.771.865,00
Público pagante: 20.988
Atlético 2 (3) x 0 (2) Newell's Old Boys
Renda: 2.100.300,00
Público pagante: 20.737
Atlético 2 (4) x (2) 0 Olímpia
Renda: R$ 14.176.146
Público pagante: 56.557
Total
Público pagante: 174.440
Renda: R$ 22.499.461