(Bruno Cantini)
Enquanto muitos clubes do Brasil sofrem à procura de um camisa 10, o Atlético conta com ao menos três jogadores para a posição. E a concorrência tem efeito positivo: depois de começar a temporada como opção para substituir Dátolo ou Guilherme, Giovanni Augusto agarrou as chances no time e vem justificando a titularidade com atuações em alto nível.
Único jogador de linha a participar de todas as 16 partidas do Galo no Campeonato Brasileiro – 14 delas como titular –, o armador ostenta ótimos números. Com 1.138 minutos em campo, o paraense de 25 anos é destaque em passes, finalizações e assistências, entre outras estatísticas.
“Todo jogador sonha em jogar bem pelo clube que defende. Tenho o sonho de me tornar ídolo no Atlético, fico feliz pelo meu momento e por poder ajudar os companheiros”, declarou o meia, após a grande atuação com direito a duas assistências na vitória por 3 a 1 sobre o São Paulo, nesta quarta-feira (29), no Mineirão.
Mas se hoje Giovanni é praticamente unanimidade entre os atleticanos, há três meses a história era bem diferente. Durante o Campeonato Mineiro, o jogador enfrentou uma lesão no tornozelo esquerdo e ainda se envolveu numa disputa judicial contra o clube alvinegro.
Assediado por Palmeiras e Santos, o armador chegou a um acordo com a diretoria atleticana e, ainda sob desconfiança da torcida, teve o contrato renovado até maio de 2018.
A estreia na temporada aconteceu só em maio, na decisão do Estadual, contra a Caldense. De lá para cá, Giovanni conseguiu se firmar na equipe enquanto Guilherme e Dátolo se recuperavam de lesões, “bagunçando” a cabeça do técnico Levir Culpi.
“O grande problema de fazer substituições é que o jogador que entrou se agarrou na posição. Esse foi o tal do Giovanni. Fazer substituição nesse time é difícil, porque eles se seguram na posição”, explica Levir.
Descanso
Após a boa sequência de atuações no Brasileirão, Giovanni e o restante do elenco ganharam uma folga de quatro dias, até a tarde de segunda-feira. Isso porque a próxima partida será apenas no dia 9 (domingo), contra o Goiás.
Com isso, o armador atleticano terá um tempo extra para curtir a esposa Isabel e o filho Vittorio, de 1 ano e 10 meses.
Direto ao ponto
Se Paulo Henrique é Ganso, Giovanni é Girafa
Léo Figueiredo - Comentarista esportivo da Rádio Itatiaia
Jovem, bem condicionado e, principalmente, técnico: esse é Giovanni Augusto. O meia atleticano se destaca pela versatilidade e pela rapidez de raciocínio. Sabe conduzir a bola em velocidade e tem cada vez mais se aprimorado em passes e lançamentos, fazendo o ataque do Galo funcionar. Giovanni entende – pelo menos é o que seu futebol mostra – que é mais importante fazer o time brilhar do que ser uma estrela solitária em campo. O time joga com ele. A facilidade que tem em entender o jogo, sempre pensando para a frente, sem olhar pra bola e com ótima visão dos companheiros, nos leva a uma comparação: se o Paulo Henrique Ganso, do São Paulo, recebeu este apelido por jogar de cabeça erguida, Giovanni Augusto poderia muito bem ser o Girafa, pois tem uma visão bem mais ampla, é mais forte fisicamente e está numa fase bem melhor do que o ex-santista. O armador atleticano começa a receber o reconhecimento pelo belo futebol que mostra no Campeonato Brasileiro. No terreiro do Galo, ter um Girafa com uma ótima visão de tudo facilita para todo mundo. Menos para o adversário.