(Bruno Cantini)
No desconhecido município de Carlos Spegazzini, na Grande Buenos Aires (Argentina), o garoto Jesús ajudava a família humilde de dez irmãos se dividindo em três tarefas: entregador de pizza, auxiliar de cozinha e futebolista amador. Com o passar do tempo, veio a recompensa e o sucesso como jogador profissional. Porém, voltar a acumular três funções fez Jesús Dátolo “entrar em parafuso”. Agora, a vaga no time titular do Atlético encontra-se ameaçada.
Improvisado na lateral-esquerda no fim da partida, o camisa 10 entregou a bola de bandeja para o compatriota Lisandro López e acabou crucificado após a eliminação do Galo na Copa Libertadores. Originalmente armador central no esquema 4-2-3-1 do treinador Levir Culpi, o meia argentino também já foi deslocado para a posição de volante ao lado de Rafael Carioca outras vezes, mas em nenhuma das funções recuperou o bom rendimento obtido no ano passado.
Levir defende que as estatísticas necessitam de interpretação, mas os números expõem a má fase. Já são 14 jogos na temporada – sete pelo Campeonato Mineiro e sete pela Libertadores –, com gols e uma assistência. Um grande contraste em relação ao desempenho no ótimo 2014.
Campeão da Recopa e da Copa do Brasil, Dátolo tinha uma pressão até maior, pois era o substituto de Ronaldinho Gaúcho. E conseguiu brilhar, balançando as redes sete vezes e dando 18 passes decisivos para os companheiros.
O início na atual temporada foi até promissor: Dátolo anotou o primeiro gol oficial do Galo na temporada, de falta, diante do Tupi. E ainda tornou-se o maior goleador estrangeiro da história do clube, em fevereiro (feito agora igualado por Lucas Pratto).
Com a confiança plena da torcida, reforçava a cada jogo a identificação com a Massa. Porém, após passar por uma lesão, não recuperou as boas atuações. E, nos últimos jogos, vinha sendo questionado, especialmente após a escalada do reserva Giovanni Augusto.
Blindado
Após o jogo contra o Internacional, Dátolo não deu nenhuma declaração. Os colegas, no entanto, trataram de defendê-lo. Patric, por exemplo, reforçou que o companheiro atuava improvisado. “Ele não estava na função de origem. Acho que, como ele, qualquer outro jogador poderia recuar e ter essa infelicidade”, disse o lateral-direito.
O técnico Levir Culpi, por sua vez, protegeu o meia das críticas e preferiu valorizar o papel de líder exercido pelo argentino no elenco atleticano.