retrospectiva

Da queda ao retorno: relembre a trajetória do Cruzeiro na Série B até a volta para a Série A

Alecsander Heinrick
a.henrick@hojeemdia.com.br
Publicado em 22/09/2022 às 10:00.
Ronaldo, gestor da SAF Cruzeiro, comemora com o atacante Stênio o retorno à Série A (Staff Images)

Ronaldo, gestor da SAF Cruzeiro, comemora com o atacante Stênio o retorno à Série A (Staff Images)

Mineirão. 08 de dezembro de 2019.

Última rodada do Campeonato Brasileiro Série A. O Cruzeiro perde por 2 a 0 para o Palmeiras e tem decretado o primeiro rebaixamento da história do clube.

21 de setembro de 2022.

No mesmo Mineirão, o Cruzeiro vence o Vasco por 3 a 0 e tem decretada a volta para a Série A após 3 anos. Relembre como foram os mais de 1000 dias do Cruzeiro entre a queda e retorno para a elite nacional.

2020 - O primeiro ano na Série B

O Cruzeiro que caiu em 2019 tinha uma das maiores folhas salariais do país, um elenco forte, que era cotado ao título da competição no início da temporada. Com a queda e vários problemas financeiros, o elenco foi reformulado. Mesmo assim, era esperado que a Raposa conseguisse o acesso. Mas, duas situações complicaram essa volta: a pandemia de covid-19 e a perda de seis pontos, antes mesmo da Série B começar, por conta de uma dívida.

Depois de nem se classificar para as semifinais do Mineiro, o Cruzeiro iniciou a Série B com -6 pontos por não ter pago uma dívida na FIFA. Mas, o início com três vitórias em três jogos deu esperança ao torcedor. No entanto, a empolgação durou pouco. Foram apenas mais quatro vitórias até o fim do primeiro turno, com o time constantemente próximo ou dentro da zona de rebaixamento para a série C - foram 11 rodadas no Z4. E a crise não era só dentro de campo, fora dele, sem torcida e praticamente sem receita, mais problemas foram aparecendo, como salários atrasados e cobrança de dívida que poderiam fazer o clube perder mais pontos ou até ser rebaixado.

No entanto, mesmo com todos os problemas, o Cruzeiro fez um segundo turno melhor, com a ajuda do experiente técnico Felipão, que aceitou treinar o time. Não conseguiu empolgar e embalar para buscar o acesso, mas fez o suficiente para escapar da degola. Em toda a Série B 2020, a Raposa não conseguiu passar da parte de cima da tabela em nenhuma rodada. 

Cruzeiro na Série B 2020
11° lugar: 14 vitórias - 13 empates - 11 derrotas = 49 pontos (55-6)

O Cruzeiro se tornou o primeiro time do grupo dos considerados grandes a cair e não subir de primeira para a Série A.

2021 - A segunda Série B

O Cruzeiro buscou uma reformulação no elenco para 2021. Mesmo com a falta de recursos, foram feitas várias mudanças, como a contratação de quase 20 jogadores. O clube teve problemas financeiros agravados pela pandemia e por não ter conseguido o acesso no ano anterior. Seguiu com risco de punições, como transfer ban, perda de pontos e rebaixamento. Mas acabou “apenas” sendo punido com o transfer ban em algumas ocasiões. Foi um ano em que o torcedor “caiu na real” e passou a entender que o clube vivia na beira do precipício.

Diferente de 2020, o Cruzeiro não conseguiu nem ter um início de Série B empolgante. Depois de ter caído na semifinal do Mineiro, com duas derrotas para o América, a Raposa iniciou sua segunda Série B com apenas duas vitórias em 15 jogos. Nessa sequência, a Raposa foi comandada por Felipe Conceição (2 jogos) e  Mozart Santos (13 jogos). Após a demissão dos dois, o clube celeste fez a mesma aposta de 2020, contratar um técnico experiente e que conhece o clube: Vanderlei Luxemburgo.

Com Luxa no comando, o Cruzeiro alcançou 12 jogos seguidos sem derrota, mas oito desses jogos foram empates, o que fez com que o time não conseguisse embalar e ainda ficasse ameaçado pelo Z4, embora tenha conseguido aliviar a pressão. No fim, foi mais um ano em que o clube não conseguiu passar do meio da tabela e lutou contra o rebaixamento.

Cruzeiro na Série B 2021
14° lugar: 10 vitórias - 18 empates - 10 derrotas = 48 pontos

Apesar do fim melancólico, o trabalho de Luxemburgo e a possibilidade do clube virar SAF para se salvar dos problemas financeiros empolgaram a torcida, que finalizou o ano colocando mais de 60 mil torcedores na última rodada, contra o Náutico, no Mineirão.

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 2022 - O ano da volta

O 2022 do Cruzeiro começou totalmente diferente dos últimos dois anos do clube. Um ar de esperança finalmente chegou à Toca da Raposa com a compra da SAF do Cruzeiro por parte do ex-atleta do clube, Ronaldo Fenômeno. O anúncio inicial foi feito no fim de dezembro, e calhou como um presente de Natal para a torcida cruzeirense. No início de 22, muita confusão por conta do conselho aprovar ou não a venda do clube. No fim, após muito atraso, Ronaldo se tornou oficialmente dono da SAF celeste.

Com a chegada do Fenômeno, o Cruzeiro foi praticamente todo remodelado, desde as estruturas que gerem o clube até os gramados. Ronaldo estabeleceu padrões, inclusive de gastos. Contratações já anunciadas pelo clube foram desfeitas por conta do novo padrão, contratos de jogadores do clube foram renegociados, quem não queria reduzir, saiu, entre eles, o ídolo celeste, Fábio. O goleiro, que é o jogador que mais vezes vestiu a camisa cruzeirense, teve problemas na negociação de seu novo contrato com a Raposa e acabou deixando o clube, gerando uma divisão na torcida entre quem achava que devia ser feito de tudo para manter o ídolo e quem concordava com a gestão de Ronaldo ao dispensá-lo após não chegar em acordo financeiro.

Ronaldo também optou por trocar Vanderlei Luxemburgo, que já havia acertado sua permanência no clube após um bom fim de 2021. Ele mandou o experiente treinador embora e acertou com o jovem Paulo Pezzolano, até então desconhecido no Brasil. Essas mudanças foram responsáveis por um “Novo Cruzeiro”, que partiu rumo a um ano, finalmente, de felicidades.

No Campeonato Mineiro, o clube voltou a figurar nas finais da competição após três anos, mas acabou derrotado pelo Atlético. No Brasileiro, começou perdendo, mas depois deslanchou, quebrando recordes e sendo unanimidade. Entrou no G4 na 5ª rodada e assumiu a liderança duas rodadas depois, na 7ª, desde então, não mudou mais de posição na competição e seguiu soberano até, finalmente, conquistar o acesso para a Série A após três longos e dolorosos anos. O técnico Paulo Pezzolano, que fez o time voltar a jogar um bom futebol após dois anos, se tornou o grande nome da campanha.

Agora, o Cruzeiro vai em busca do título da Série B e já começa a planejar como será o seu 2023, de volta para a elite nacional.

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