(Carlos Henrique)
Fazer compras com a mãe, manter a forma na academia e conversar com a noiva, que mora em Vitória (ES). Essa era a rotina do volante Fillipe Soutto, 24, até essa sexta (15). Depois de 11 dias de espera desde a reapresentação do elenco do Atlético, ele finalmente foi autorizado a retomar os treinos na Cidade do Galo. Mas a cria da base pode estar vivendo os últimos momentos no clube, após 20 anos de serviços prestados.
Como restam apenas 12 meses de contrato com o Atlético, um novo empréstimo poderá transformar um “até logo” no “adeus” ao clube, ao qual chegou com 4 anos de idade. Na última temporada,o volante esteve cedido ao Náutico, porém o Timbu, ao trocar de diretoria, preferiu não renovar o vínculo.
Soutto se profissionalizou em 2010, virou titular no segundo semestre de 2011 e ganhou prêmios de destaque individual. Atualmente sem espaço, se sente esquecido no Galo.
“Se tivesse tido um ano ruim, se não tivesse tido sequência... Mas eu fui bem. O próprio Maluf (Eduardo, diretor de futebol) me disse isso. Liguei para ele, e ele me elogiou. Disse que viu minha evolução, viu que eu joguei em outras posições, mas que o treinador novo (Diego Aguirre) não quer contar comigo. Como, se ele não me conhece? Nem sabe que eu existo”, disse, ao Hoje em Dia.
Ele e o empresário Cristiano Hosken estudam as opções do mercado. No Náutico, Soutto tinha os salários divididos pelos dois clubes. Mas a mudança de diretoria do Timbu provocou um corte de despesas e, por isso, o empréstimo não foi renovado.
Descendente de portugueses por parte de pai, ele até vislumbra jogar na Europa. Para isso, tentará obter o passaporte comunitário.
A definição, entretanto, só deverá ocorrer a partir da próxima terça-feira (19), quando a diretoria do Galo estiver de volta após a viagem aos Estados Unidos, para a Florida Cup.
“O meu contrato com o Atlético já teria acabado antes, quando fui para o Náutico. Mas resolveram renovar por mais alguns meses (de abril de 2016 para dezembro deste ano). Tenho conversado com o meu empresário, mas ainda tem esse problema (viagem). Se pintar alguma coisa, ninguém vai atender o telefone”, ressaltou.
Ameaças após os 6 a 1
Fillipe Soutto e Bernard foram as maiores revelações da geração 1991/1992 na base alvinegra. Eram inseparáveis, e assim permaneceram até 2011, como titulares da campanha que livrou o Galo do rebaixamento no Brasileirão. Mas o atacante estourou em 2012, enquanto o volante ficou para trás com a chegada de Leandro Donizete.
Formando dupla com Pierre, Soutto se despediu do posto de titular na fatídica goleada por 6 a 1 para o Cruzeiro, na última rodada. A lembrança é de desgosto pela partida e, principalmente, pelo efeito que ela proporcionou.
“Quando chegamos da Arena do Jacaré, fomos Bernard e eu de carro para casa. Lembro que fizemos o trajeto de Vespasiano ao bairro Planalto em tempo recorde, com medo de algum torcedor vir atrás. Minha família sofreu várias ameaças pela internet”.
Depois de “esquentar banco” para Donizete, entrando em campo só 18 vezes em 2012, Soutto foi emprestado ao Vasco. Ele ainda foi campeão da Série B pelo Joinville, em 2014, antes de ser emprestado ao Náutico.