(Marcelo Prates/Hoje em Dia)
Eles têm o Galo na veia. Porém, sem condições de arcar com o alto custo do programa de sócio-torcedor do Atlético. Então, o jeito é fazer sacrifícios e passar dois dias na fila para comprar ingressos, sem dormir, tomar banho ou se alimentar direito.
Tudo isso para ver Ronaldinho Gaúcho, Bernard e companhia em campo. “Qualquer sacrifício pelo Galo é válido. Não me arrependo de fazer isso. Vou ser recompensado no final com o título”, diz Giovani Aparecido Luciano.
O estudante foi o primeiro da fila na sede do bairro de Lourdes para comprar entradas do duelo contra o Flamengo. O jogo será na próxima quarta-feira, no Independência, pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Vale ouro
O “bilhete premiado” valia ouro. Giovani chegou à sede de Lourdes às 23h de segunda-feira. A venda começou somente às 10h da manhã de quarta-feira. Mas nada que amolasse o apaixonado torcedor. “O chão duro ficou macio para ver o Galo”, diz.
Giovani “roubou” o posto de primeiro da fila do trocador de ônibus James Paulo. Figura conhecida dos seguranças e policiais que supervisionam o local, James supera qualquer adversidade para ver o Atlético jogar.
Desde a inauguração do estádio Independência, em abril, ele foi em todos os confrontos do alvinegro.
“Em todas essas partidas eu fui o primeiro da fila. Só hoje que não”, lamenta. Ele chegou ao local às 2h30 de terça-feira, após deixar o serviço.
Dinheiro contado
Na bolsa, James levava um colchão, três calças jeans, duas bermudas e três agasalhos.
“Dois dias sem tomar banho, escovar os dentes nem dormir. Mas tudo isso vale a pena”, afirma.
O dinheiro é contado. Dá apenas para pagar o ingresso do portão 6, ao preço de R$ 40. “Não compro nada aqui. Só como algo quando os amigos trazem para mim um pão, biscoito”, revela.
Casado há dois anos, James tem uma filha de um 1 ano e 10 meses e a esposa está grávida. “Um dia ela me perguntou se eu realmente a amava. Respondi: ‘amo o Atlético e torço por você’. Ela chorou. Mas eu a expliquei que assim é a vida”, declara James.
Para faltar ao serviço e ficar na fila do ingresso, ele paga R$ 50 a um amigo para trabalhar em seu lugar. “Agora, depois que comprar o ingresso, vou para casa, em Ibirité, tomo um banho rápido e ir trabalhar. Não dá tempo nem de comer. Mas vou feliz”, diz.