No atletismo, as provas de 200 e 400 metros rasos pertencem a dois grupos diferentes. A mais curta é considerada de velocidade, a mais longa de "meio-fundo". Por isso, são disputadas por atletas com características diferentes. Mas essa máxima não é verdadeira quando falamos de Allyson Felix, a maior de todos os tempos no atletismo. E, por causa dela, o programa olímpico foi alterado neste sábado (16).
À pedido da US Track and Field, a federação norte-americana de atletismo, a IAAF (Associação Internacional de Federações de Atletismo) decidiu inverter os horários de duas provas no dia 15 de agosto, uma segunda-feira. As primeiras baterias dos 200 metros serão pela manhã, com os 400 metros com barreiras indo para a sessão noturna.
Não é segredo - pelo contrário - que a decisão é para beneficiar Allyson Felix e, consequentemente, os Estados Unidos no quadro de medalhas. Também para o dia 15 de agosto, às 22h45, está marcada a final dos 400 metros rasos, em que Allyson é favorita. No Mundial do ano passado, ela levou o ouro.
Com os 200 metros programados inicialmente para as 21h30, ela chegaria cansada à final dos 400 metros. Agora, terá mais de 12 horas de descanso entre uma prova e outra. Nos 200 metros, vale lembrar, ela é a atual campeã olímpica. Em Londres, também ganhou o 4x100 metros e o 4x400 metros, feito que se ela repetir no Rio fará dela a primeira mulher a ganhar 4 medalhas de ouro no atletismo em uma só edição dos Jogos.
O argumento dos norte-americanos, que convenceu a IAAF, é que os atletas de 200 e 400 metros (no caso, só Allyson Felix entre as atletas que brigam para fazer final) devem ter o mesmo direito dos corredores de 100 e 200 metros, que têm bom tempo de descanso entre uma prova e outra.
Allyson Felix só correu uma vez os 200 e os 400 metros em uma grande competição, ganhando bronze e prata, respectivamente, no Mundial de 2011, em Daegu (Coreia do Sul). No total, ela tem 13 medalhas em Mundiais. E seis em Olimpíadas, sendo quatro de ouro. No Rio, ela deve se despedir dos Jogos.
Em teoria, a decisão prejudica a brasileira Jailma de Lima, líder do ranking brasileiro dos 400 metros com barreiras e terceira do País nos 400 metros rasos. Em teoria porque é utópico pensar que ela vai chegar final dos 400 metros.
http://www.estadao.com.br