Atual campeão paulista de futebol feminino tem marido e mulher como técnicos

Estadão Conteúdo
Hoje em Dia - Belo Horizonte
08/04/2017 às 14:39.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:03

Imagine Tite no comando da seleção brasileira e a mulher dele como auxiliar, dando seus pitacos na escalação ou no esquema tático. Parece surreal, mas é o que acontece no Rio Preto, atual campeão do Campeonato Paulista de futebol feminino, que começa neste sábado. Francisco Regera, o Chicão, de 60 anos, comanda a equipe de São José do Rio Preto (SP), ao lado da mulher Doroteia Inojo, de 54. A dupla faz sucesso em campo com a curiosa parceria.

O que motiva ambos a trabalharem juntos não é algo tático ou familiar, mas o medo que Chicão tem de andar de avião. Por isso, nos jogos longe de São José do Rio Preto quem comanda o time, e viaja, é Doroteia. "Nunca tentei entrar em um bicho desse (avião). Tenho muito medo. Quando tem jogo fora, prefiro ficar em casa cuidando dos cachorros e a Doroteia vai. Tenho medo até de elevador", exagerou o treinador.

Duas das três filhas do casal também trabalham no Rio Preto. Milene é auxiliar técnica dos pais e Darlene, atacante - ela está com a seleção brasileira.

Embora tenha um time forte, o Rio Preto está longe de ser milionário. A folha salarial da equipe gira em torno de R$ 40 mil mensais. Ainda assim, encarou rivais de peso no ano passado e bateu o Santos na decisão. Por essas e outras razões, as meninas são mais respeitadas na cidade do que o time masculino, que disputa a Série A3 do Campeonato Paulista.

"Por um lado é bom porque a gente é muito bem tratada na cidade. Mas, por outro, é ruim porque ouvimos muita coisa chata. Tem gente que fala que as meninas jogam mais que os meninos, que se a gente se enfrentasse, ganharíamos de 10 a 0, e esse assunto é ruim. O importante é que nós vamos sempre no jogo deles e eles assistem aos nossos jogos", disse Doroteia.

Chicão também é "diferenciado" taticamente. Com ele, nada de ficar tocando a bola, como virou moda no futebol brasileiro. "Não tem essa de sair tocando. A gente tem de atacar para fazer gol, né? O bom é que a Doroteia e eu pensamos iguais. Eu mando as meninas darem chutões pra frente. Aí, a gente vai para cima do rival. Só jogamos no ataque, nada de ficar dando toquinhos", afirmou o treinador.

As atletas se assustam quando encontram dois técnicos na beira do campo, principalmente quando sabem que são marido e mulher, mas gostam da excentricidade da equipe. "É legal ter dois técnicos, ainda mais eles, que deixam a gente bem à vontade. A cumplicidade dos dois é cativante e diferente de se ver", disse a atacante Milene, que revela sua preferência no comando. "A Doroteia cobra um pouco mais. Ela é mais rígida do que o Chicão", completou.
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