A divulgação do áudio da conversa entre Carlos Miguel Aidar e Ataíde Gil Guerreiro na última quinta-feira (16) vai mexer com o jogo político do São Paulo. O material chegou à imprensa antes de ser entregue para os conselheiros, decisão que irritou alguns deles. Por outro lado, o gesto dá fôlego para Ataíde na investigação interna sobre o caso na comissão de ética do clube.
O São Paulo decidiu publicar o áudio em encontro da diretoria com jornalistas no CT da Barra Funda. Os presentes acompanharam a execução dos 17 minutos da conversa entre os dois dirigentes, conteúdo responsável por iniciar a crise que levou Aidar a renunciar ao cargo de presidente do São Paulo, em outubro. O ex-mandatário discorre no material sobre irregularidades e oferece ao vice-presidente de futebol, Ataíde, a divisão de uma comissão pela vinda de um reforço.
A gravação permaneceu dois meses sob sigilo, até vir a público nesta quinta-feira, dois dias depois do Conselho Deliberativo do clube se reunir e anunciar novidades no acompanhamento do caso. O presidente do órgão, Marcelo Pupo Barboza, anunciou três mudanças no grupo de cinco conselheiros integrantes da comissão de ética. Os membros são responsáveis por apurar o áudio e uma suspeita de agressão de Ataíde a Aidar ocorrida dias depois.
As alterações incluem a entrada do novo presidente do grupo, José Roberto Ópice Blum, na vaga de Wilton Parreira Filho, que está de licença médica. A comissão teve também as entradas de novos integrantes: Ricardo Haddad, Newton Flavio Bittencourt e Alberto Bugarib. O único mantido é Renato de Albuquerque Ricardo.
Segundo conselheiros ouvidos pela reportagem, o São Paulo deveria ter divulgado o áudio antes internamente. "Da forma como foi feito, expôs o clube de forma desnecessária. A gravação tinha que ter sido levada ao Conselho Deliberativo antes de ser mostrada para a imprensa. Muitos conselheiros estão irritados com isso", disse um membro do Conselho à reportagem.
Ataíde está preocupado com o andamento das investigações na comissão. O dirigente já teve atrito com três dos cinco membros do grupo, incluindo o presidente, e considera que eles têm uma proximidade maior com Aidar. Outros membros da diretoria têm temor parecido e torcem para que a investigação seja acelerada.
Ópice Blum foi procurado para comentar a divulgação do áudio, mas não retornou o contato até o fechamento desta reportagem.
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