(Luiz Costa / Arquivo Hoje em Dia)
Aquelas trancinhas marotas muito reconhecidas Brasil afora e um senso de humor em nível elevado. Assim como era dentro de campo, o ex-centroavante Oséas se mantém até a atualidade, 12 anos depois da aposentadoria. Com passagens por grandes clubes como Atlético-PR, Cruzeiro e Palmeiras, o “Oseinha da Bahia”, como ficou nacionalmente conhecido, relembra nesta entrevista ao Hoje em Dia a passagem pela Toca da Raposa, os títulos importantes da carreira e os “belos” gols contra que marcou em grandes partidas.
Ao longo da sua carreira, você fez diversas parcerias de sucesso nos clubes pelos quais jogou. Com qual companheiro de ataque você considera ter feito a melhor dupla ofensiva?
Fiz grandes parceiros, como Paulo Rink, Paulo Nunes, Giovanni... Mas o mais importante foi o Paulo Rink, no Atlético-PR, porque foi onde tudo começou para mim, onde fiquei conhecido nacionalmente. Ele foi aquele grande parceiro, a melhor dupla de ataque ao longo da minha vida.
Quais os grandes amigos que fez no futebol?
As boas amizades daquele tempo continuam, e mantenho contato com muita gente ainda. Falo bastante com Júnior Baiano, Marcelo Ramos, Paulo Isidoro, Rodrigo Chagas... Tem gente do Palmeiras também, como Zinho, Paulo Nunes, César Sampaio, o Clebão (Cléber, ex-zagueiro de Palmeiras e Cruzeiro). Geralmente, quando tem alguns eventos, a gente se encontra e não falta aquela resenha.
O futebol se modernizou tanto que muitas equipes jogam com o chamado “falso 9” ou até mesmo sem um centroavante. Você teria espaço nesse cenário atual?
Você não vê, no futebol de hoje, centroavantes com as mesmas características que havia na minha época. Eu era muito de área, assim como foi também o Jardel (ex-Grêmio). Atualmente, os jogadores de ataque são mais flutuantes, se movimentam bastante. Na minha época, tinha jogadores de qualidade que faziam esse papel de colocar os centroavantes na cara do gol, como o Alex, extremamente talentoso, que deixava o atacante sempre em uma posição boa. Tinha o Arce, com os cruzamentos, o Müller... Era um desperdício o camisa 9 sair da área. No meu caso, o ponto forte era o cabeceio, então esperava a genialidade desses meias e laterais, que se tivesse uma chance o “Oseinha” colocava a bola para dentro.
Você venceu duas Copas do Brasil, uma pelo Palmeiras e outra pelo Cruzeiro. E foi o carrasco do time mineiro em 1998, quando atuou pelo Alviverde, na final entre as duas equipes. Isso foi obstáculo quando veio jogar em Minas Gerais?
Não é fácil conquistar a Copa do Brasil, e eu ganhei duas, uma pelo Palmeiras e a outra pelo Cruzeiro. Fiz um gol praticamente sem ângulo na final de 1998, e aquele foi um título importante diante de uma grande equipe como era o Cruzeiro. Quando fui para Minas Gerais, alguns torcedores me recepcionaram no aeroporto, e teve um que me disse que eu tinha tirado a Copa do Brasil em 98 e, por isso, eu teria que dar um título para o clube. E conseguimos, dois anos depois.
Impossível não perguntar uma coisa... Aquelas belas cabeçadas que deu dentro da área, quando jogava por Palmeiras e Cruzeiro, e fez os gols, mas contra. São lances que ficam marcados, não é?
São dois gols que ficaram marcados no aspecto negativo. Fiz um gol contra diante do maior rival, o Corinthians, quando jogava pelo Palmeiras, e quem não conhecia o Oséas ficou me conhecendo mundialmente (risos). Fui infeliz com outro gol contra pelo Cruzeiro, diante do Internacional, na Copa João Havelange de 2000. Fiz um contra e outro a favor. Eu conto com a maior naturalidade, porque faz parte. Teve gozação no dia seguinte, mas o legal de tudo é que o baiano leva tudo na esportiva e na brincadeira. Em alguns jogos depois, a torcida adversária gritava meu nome pedindo que eu fizesse gol contra (risos).
Muitos torcedores cantavam uma música que devia te deixar bravo: ‘Ah, que bom seria, se o Oséas voltasse pra Bahia’. E o Oseinha voltou mesmo para a Boa Terra após a aposentadoria. Como anda a vida por aí?
É verdade, eu acho engraçado. Quando a fase não era boa, o meu corinho era esse, ‘Ah, que bom seria, se o Oséas voltasse para a Bahia’ (risos). Eu sempre levei na esportiva, respondia que voltaria à Bahia somente nas férias. Agora que aposentei, moro em Salvador, administrando o que conquistei no futebol, no ramo imobiliário.
Qual é a sua maior lembrança no futebol? E a maior recordação que guarda do Cruzeiro?
Pelo Cruzeiro, me lembro sempre daquele gol do Giovanni contra o São Paulo (final da Copa do Brasil de 2000). Inesquecível Foram tempos ótimos em Belo Horizonte, uma linda cidade onde tive o prazer de morar por dois anos. Espero um dia voltar, pois fiz muitos amigos no Cruzeiro. Na carreira, a Libertadores pelo Palmeiras não tem como esquecer também. Mas ter chegado à Seleção Brasileira, com muita dificuldade, isso é o que marca mais, pois na minha vida houve tempos em que faltava dinheiro para ir aos treinos. Foi difícil. Chegar ao topo, à Seleção, jamais esquecerei. Vestir a amarelinha é inesquecível.
Acha que os jogadores de hoje perderam o amor de defender a Seleção?
Eu não consigo ver empolgação dos jogadores quando são convocados para a Seleção. Não sei como os atletas veem essa possibilidade atualmente. Na minha época, era uma alegria imensa, a realização de um sonho. Hoje, parece ser totalmente diferente.
Quando morou na capital mineira, o que mais gostava de fazer? Tinha algum hobby?
Morei dois anos em Belo Horizonte, no bairro Sion. Sempre buscava bons restaurantes e gostava muito de comer tutu de feijão, pão de queijo... Às vezes, ia a um restaurante que tinha uma baiana que fazia acarajé. A baiana tinha a mão boa, eu ia lá para matar a saudade da Bahia.