Em vez de cartola, a CBRu (Confederação Brasileira de Rúgbi) optou por um "engravatado". Agustin Danza é argentino, foi alto executivo da Bain & Company por oito anos, mas largou seu emprego promissor na área de consultoria estratégica para ser CEO do Rúgbi no Brasil. "Não tenho dúvida de que tomei a decisão certa, pois a modalidade vai crescer muito no país", garantiu o ex-jogador, que atuou por mais de 20 anos em clubes da Argentina e dos Estados Unidos.
Claro que a mudança teve um grande impacto em seus companheiros de trabalho. "Quando saí da empresa, onde tinha uma carreira bem-sucedida, meus colegas falaram que eu estava completamente louco e perguntavam como eu iria inserir o rúgbi em um país que não tinha rúgbi. Claro que não era isso. Me informei muito bem, sabia que o Brasil tinha 60 mil praticantes, sendo 10 mil cadastrados, que o feminino era top 10 mundial. Acredito que o Brasil tem um potencial enorme", avisou, lembrando que seus amigos do rúgbi o incentivaram e disseram que gostariam de estar no lugar dele.
A presença de um CEO em uma confederação esportiva é algo inédito no Brasil. As entidades costumam contar com dirigentes que fizeram carreira naquela modalidade e que geralmente estão há muitos anos no poder. Mas a CBRu optou por outra linha de gestão. "O CEO é a figura mais tradicional de qualquer companhia, privada ou pública. Em 2010 a CBRu adotou um modelo de gestão profissional, onde se adotaram regras de transparência como de uma empresa pública", contou.
Danza lembra que a CBRu tem uma gestão profissional, com regras de governança equivalentes a qualquer companhia, com um conselho de administração, com comitês que interagem com a gestão, transparência total dos números e apresentação de balanços. "Nesse modelo, faltava o CEO. Sou profissional e remunerado pelo que eu faço, minha função é pensar a médio e longo prazo quais são as principais iniciativas onde a CBRu tem de focar seus esforços. É uma pessoa que tem uma visão geral, que entende a força e as fraquezas de cada área, entende a situação atual do esporte e sabe onde quer chegar", continuou.
Assim que assumiu, o profissional usou os três primeiros meses para fazer um diagnóstico da situação atual e como resultado realizou várias mudanças na equipe da CBRu. Entraram técnicos da Argentina, Irlanda e França, além de pessoas especializadas em algumas funções. O passo seguinte foi fazer um planejamento estratégico para os próximos quatro anos, que já está sendo implementado. "Acreditamos que isso vai manter a velocidade de crescimento do rúgbi no Brasil".
Essas melhorias se refletem também nas finanças de CBRu, que conta com 15 patrocinadores e oito parceiros. "Em 2010 o orçamento era de R$ 900 mil. Atualmente é de R$ 20 milhões. A estrutura também foi crescendo do mesmo jeito", afirma Danza, que é cobrado por resultados. "Sou responsável por todas as áreas: alto rendimento, gestão, finanças, marketing, desenvolvimento, e também sou cobrado pela quantidade de crianças que jogam rúgbi".
Ele sabe que corre contra o tempo para ter suas seleções competitivas nos Jogos Olímpicos e espera que as duas equipes façam um bom papel. "As meninas vêm demonstrando que podem jogar de igual para igual com times colocados entre a 5.ª e 10.ª posição do mundo. Tem uma elite que está acima de todas as outras, que é a Nova Zelândia, Austrália, Rússia e Canadá. Já o masculino tem evoluído bastante e vai dar trabalho. Se o rival não entrar concentrado, vamos vencer", apostou.
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