(Arquivo/Hoje em Dia)
É quase regra o futebol sul-americano e brasileiro copiarem o europeu, adotando padrões e protocolos deles em nossos torneios e jogos. A criação da Superliga por 12 gigantes do Velho Continente, sem que o critério técnico seja usado, lembra, em parte, uma ação da Conmebol no final dos anos 1980, a criação da Supercopa dos Campeões da Libertadores.
Com a primeira edição disputada em 1988, a Supercopa nasceu com 13 participantes, pois só disputava a competição quem já tinha vencido a maior competição de clubes da América do Sul. Não havia o risco de ficar de fora da edição seguinte, independentemente do desempenho no respectivo campeonato nacional ou até mesmo na própria competição.Arquivo/Hoje em Dia
Criada pela Conmebol, no final dos anos 1980, a Supercopa dos Campeões da Libertadores fez grande sucessos nas suas primeiras edições e teve o Cruzeiro como bicampeão em 1991 e 1992
O que foi acontecendo é o acréscimo de participantes. E quatro clubes entraram na disputa durante suas dez edições, pois a Supercopa dos Campeões da Libertadores foi extinta pela Conmebol em 1997, dando lugar à Copa Mercosul, torneio que também tinha uma reserva de mercado, sem os participantes sendo escolhidos pelo critério técnico do momento.
A lista original de participantes da Supercopa contava com os seguintes clubes: Santos, Cruzeiro, Flamengo e Grêmio (Brasil); Independiente, Racing, Boca Juniors, Estudiantes, Argentinos Juniors e River Plate (Argentina); Peñarol e Nacional (Uruguai) e Olimpia (Paraguai). Foram sendo incluídos, à medida que ganhanram a Libertadores, Atlético Nacional (Colômbia), Colo-Colo (Chile), São Paulo e Vélez Sarsfield (Argentina), sendo que os dois últimos entraram a tempo de conquistar uma edição do torneio.
No final dos anos 1980, os direitos de transmissão dos jogos vivia um grande crescimento e isso influenciou diretamente na criação do torneio, que reunia gigantes da América do Sul, quase todos donos de torcidas enormes e que geravam muito interesse.
Havia ainda a expectativa de grandes arrecadações, pois a competição gerava a disputa de grandes clássicos sul-americanos, algo que na maioria das vezes não era possível na Copa Libertadores, que naquela época tinha apenas dois clubes por país.
Embora com o critério de contar apenas com campeões da Libertadores, o que não acontece na Supercopa da Europa, pois nem todos os campeões venceram a Champions, a ideia de criar um torneio reunindo a elite, acreditando na rentabilidade dele, está presente nas duas ações.
Copa União
Em termos nacionais, o Brasil também já teve a sua Superliga. Foi a Copa União de 1987, criada pelo Clube dos 13, formado por Atlético e Cruzeiro (Minas Gerais); Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco (Rio de Janeiro); Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo (São Paulo); Grêmio e Internacional (Rio Grande do Sul); e Bahia.
Numa ação parecida com a ideia da Superliga Europeia, foram convidados três clubes para a disputa de uma competição com 16 equipes. E o critério do convite não foi técnico. Assim, Santa Cruz (Pernambuco), Coritiba (Paraná) e Goiás também participaram da Copa União, que não levou em conta o Campeonato Brasileiro de 1986, que teve o Guarani, de Campinas, como vice-campeão, e o América-RJ como um dos semifinalistas.
A Copa União não tinha descenso. Em 1988 foi ampliada para 24 participantes e teve sua última edição. Em 1989 foi disputado, pela primeira vez com este nome, o Campeonato Brasileiro.
A Superliga
Lançada no último domingo (18), a Superliga Europeia tem como fundadores Atlético de Madrid, Barcelona e Real Madrid (Espanha); Internazionale, Juventus e Milan (Itália); Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham (Ingalterra).
A ideia é convidar outros gigantes do futebol europeu para a primeira edição, que os fundadores pretendem que já seja disputada a partir de agosto, embora isso dependa da batalha que terão de travar cm a União Europeia de Futebol Associado (Uefa) e a Federação Internacional de Futebol (Fifa), pois as duas entidades são contrárias ao torneio.