(Editoria de Arte)
De tão épica, a história do “camisa 10” foi transportada dos gramados para os livros – como “A Magia da Camisa 10”, de Vladir Lemos e André Ribeiro –, a música – vide a letra de “Camisa 10”, composta por Hélio Matheus e Luís Vagner e eternizada por Luiz Américo em 1973 –, o cinema – quem nunca viu um documentário sobre Zico, Ronaldinho Gaúcho ou Maradona? –, entre outras artes. Mas uma coisa é certa: o marco zero dessa narrativa se deu em 1958, quando o jovem e arisco Edson Arantes do Nascimento, de 17 anos, começou seu reinado.
Foi a partir de Pelé, na primeira Copa do Mundo conquistada pelos brasucas, nas gélidas terras da Suécia, que se iniciou a mística do “camisa 10”. E, ao longo de mais de seis décadas, brotaram dos campos do futebol uma gama de craques que traziam o tal número nas costas e um arsenal de truques mágicos em suas chuteiras. Que o digam Brasil e Argentina, as seleções que mais cultivaram o condão do 10 e que medem forças, hoje, às 21h30, no estádio Mineirão, pelas semifinais da Copa América.
Cada batalha dentro das quatro linhas envolvendo o time Canarinho e a Albiceleste tornou-se um verso de uma epopeia escrita pela rivalidade entre ambos, tendo os camisas 10 de ambos os lados como seus principais autores. Pelé, por exemplo, tornou-se o maior goleador da história do dérbi, com oito gols em seis jogos contra os argentinos.
Depois da aposentadoria do Rei, torcedores de várias gerações deleitaram-se com os embates que envolviam personalidades como Zico, Maradona (o “deus argentino”, curiosamente, marcou apenas um gol em seis partidas no clássico), Rivaldo, Ortega e Ronaldinho Gaúcho, dentre tantos outros. O momento atual, porém, evidencia um desnivelamento nesse sentido.Lucas Prates
Messi
“Clube dos Cinco”
Enquanto a Argentina possui cinco “camisas 10”, o Brasil carece dessa figura. É fato! Do lado albiceleste, estão o 10 do Barcelona – Messi –, o 10 da Juventus – Dybala (reserva na Argentina) –, o 10 do Manchester City – Agüero –, o 10 da Udinese – De Paul – e o 10 da Inter de Milão – Lautaro Martínez.
Não significa necessariamente que esses argentinos citados atuem como armadores – Agüero e Martínez, por exemplo, são atacantes –, mas cada um deles reúne qualidades para dar um passe decisivo, fazendo jus à alcunha de “cérebro” que acompanha aqueles que vestem a 10.
Cebola e mais 10
Já o time verde-amarelo perdeu seu “filho único”, Neymar, o 10 do PSG, cortado da disputa da Copa América por conta de lesão. Quem herdou a 10 da Seleção Brasileira foi Willian, o 22 do Chelsea.
No tira-teima de hoje, porém, a Seleção Brasileira conta com alguns valores que possam assumir a responsabilidade de orquestrar o meio-campo e colocar os companheiros na cara do gol, além de, quem sabe, estufar as redes. Everton “Cebolinha” se transformou na maior esperança. Hoje, pode-se dizer que é “Cebolinha” e mais 10. Vamos aguardar!