Brasil jogará Copa das Confederações com sede de título

Almir Leite, Robson Morelli e Sílvio Barsetti
14/06/2013 às 13:06.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:08

Ao contrário das duas últimas edições da Copa das Confederações, em que o Brasil foi o campeão, a sede de vitória da seleção na competição que começa sábado, em Brasília, é muito mais intensa e isso fica nítido no discurso e no empenho dos jogadores durante os treinos das últimas semanas e nos amistosos contra Inglaterra e França. Em 2005, com Carlos Alberto Parreira, e em 2009, sob o comando de Dunga, o Brasil já gozava de autoconfiança suficiente para derrubar seus oponentes um a um. Os treinadores estavam efetivados havia tempo e tinham a favor outros títulos importantes, então recentes: ambos conquistaram a Copa América - em 2004, no Peru, e em 2007, já com Dunga, na Venezuela.

Há várias diferenças que marcam aqueles dois momentos e o confrontam com o atual. Luiz Felipe Scolari, o Felipão, assumiu o comando técnico da equipe em novembro do ano passado, mas só dirigiu pela primeira vez a seleção no início de fevereiro deste ano, na derrota por 2 a 1 para a Inglaterra, em Wembley. Embora sua posição esteja consolidada até o Mundial de 2014, como garante o presidente da CBF, José Maria Marin, Felipão dispõe de tempo limitado para deixar a equipe a seu feitio.

Como o Brasil não disputa Eliminatórias para a Copa do ano que vem por ser o anfitrião do evento, o temor da falta de competitividade do grupo tem de ser compensado pela "entrega" de cada atleta convocado para amistosos e jogos oficiais, como os da Copa das Confederações. Neste sábado, no Estádio Nacional de Brasília, o Mané Garrincha, a seleção dá o primeiro passo contra os japoneses.

Além disso, está em jogo a formação do time, alterada em alguns pontos desde a demissão de Mano Menezes, principalmente no que diz respeito ao "equilíbrio tático", expressão que Felipão gosta de ressaltar quando fala da preparação da seleção. Já se pode dizer, salvo imprevisto de última hora, que pelo menos 70% dos atletas
relacionados pelo comandante para a Copa das Confederações estarão também na Copa do Mundo. Talvez esse número seja até maior, sobretudo se ganhar o torneio. Mesmo na hipótese de um fracasso, não haveria como o técnico mudar muito até 2014. O prazo é curto para se forjar uma seleção boa e competitiva.

Se o Brasil for ao menos até a final da Copa das Confederações, no Rio, e, mais ainda, se ganhar novamente o título, é bem provável que Felipão só volte para casa em julho com uma ou duas dúvidas na composição da lista de reservas para o Mundial. Os jogadores sabem disso. E também que o caneco significará crédito e confiança diante da torcida. Por isso a competição se torna tão importante para esse grupo, diferentemente do que foi em edições passadas.

"Independentemente de todas as situações, nós estamos bem focados para ganhar a Copa das Confederações", disse o volante Paulinho. "Nosso objetivo é fazer bons jogos e ganhar a competição. A seleção brasileira visa sempre conquistar título." Paulinho já entendeu também que ganhar dará confiança a esses jogadores e diminuirá o olhar desconfiado do torcedor Brasil afora.

Ele ainda se diz ciente da imensa responsabilidade que os jogadores têm. "Sabemos da nossa capacidade, mas também das dificuldades que vamos enfrentar e estamos preparados para este grande desafio." O corintiano reconhece que, às vésperas da competição, a ansiedade aumenta - principalmente por causa da estreia. "Mas, com o torcedor nos apoiando, temos confiança de ter um grande começo."

Até mesmo os jogadores mais experientes com a camisa da seleção reconhecem que o título da Copa das Confederações é necessário. Sem desespero, porém. "É uma pressão muito grande, mas estamos bem tranquilos", disse o capitão Thiago Silva, que admitiu não parar de pensar no torneio. "É legal para gente e sabemos da nossa capacidade. Isso é importante também. Nosso objetivo maior é no ano que vem, na Copa do Mundo, mas tudo começa no sábado." O Brasil tem Japão, México e Itália em sua chave da competição que começa neste sábado.

Felipão reconhece que a pressão pela taça pode ser prejudicial para um elenco em formação, tática e técnica. Por causa disso, quando assumiu o posto de Mano Menezes fez questão de dizer que o Brasil não tem obrigação de ganhar a Copa das Confederações. "Mas vamos jogar para isso também. O nosso grande objetivo é a Copa do Mundo. Essa sim temos a obrigação de ganhar em casa", disse, ainda em janeiro. E para que o Brasil tenha o torcedor ao seu lado, faturar a Copa das Confederações não seria nada mau.
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