Brasileirão de 2014 fica marcado pela ausência do mando de campo verdadeiro

Frederico Ribeiro - Hoje em Dia
25/05/2014 às 09:56.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:44
 (André Brant/Hoje em Dia)

(André Brant/Hoje em Dia)

Que tal assistir a um jogo do Atlético em Feira de Santana (BA), a um duelo entre Santos e Criciúma em São Bernardo (SP), ou ao Bahia “recebendo” o Fluminense em Barueri (SP)? Seria inimaginável, não fosse a atual edição do Campeonato Brasileiro.    Os palcos alternativos se tornaram algo comum, graças às punições disciplinares do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e, principalmente, à exigência da Fifa em “tomar” os estádios envolvidos com a Copa do Mundo. Todos os 20 times da Série A do Brasileirão já foram ou ainda serão afetados com a mudança de mandos de campo originais até a última rodada antes da paralisação para o Mundial (a nona, no dia 1º de junho).   Dentre estes 90 jogos antes da Copa do Mundo, 40 sofreram ou sofrerão alterações de local, o que representa quase 45% de mudanças. A entidade máxima do futebol mundial é responsável por produzir modificações em 26 partidas, o que representa 60% da influência nos mandos.   O número poderia ser menor. Contudo, em uma novela de quatro capítulos, o Corinthians irá enfrentar o Cruzeiro, na oitava rodada, no Canindé, às 22h da quarta-feira que vem. Após alterar a data e o local do jogo, para o Itaquerão, na quinta-feira, a Fifa mudou de ideia.   Porém, isso não quer dizer que a entidade vai deixar de se “intrometer” na competição nacional. A Fifa “pediu” para a CBF inverter o mando de campo de Botafogo x Corinthians, para que o Timão jogue em Itaquera em 1º de junho, 11 dias antes de Brasil x Croácia, na abertura do Mundial, no mesmo local.   “A Fifa precisava fazer mais um evento-teste no Itaquerão, ainda mais por ser o primeiro estádio usado na Copa. Então, tivemos problemas para remanejar isso. Aceitamos o pedido para inverter o mando, algo raro para o calendário do torneio”, explica Virgílio Elísio, diretor de competições da CBF.   Entre as equipes mais prejudicadas por conta da entrega dos estádios para o uso exclusivo da Copa estão Flamengo, Botafogo e Santos. Os times cariocas, por conta do Maracanã. O Peixe, no entanto, foi afetado mesmo sem ter seu estádio como sede da Copa.    Efeito em Minas   O “efeito cigano” deste começo de Brasileirão também afetou Atlético e Cruzeiro. Os gigantes mineiros terão que jogar fora dos estádios originais em 10 jogos (cinco para cada lado). Além de jogar na Arena Pantanal, contra o Santos, e em Feira de Santana, contra o Vitória, por exigência da Fifa, o Atlético mandará as partidas contra Criciúma e Fluminense no Ipatingão.   Já o Cruzeiro enfrentará o Inter no Centenário (Caxias do Sul), o Corinthians, no Canindé, e o Flamengo, no Parque do Sabiá, em Uberlândia.   Até quem não tem arena no Mundial fica sem casa   Apenas 12 estádios ao redor do Brasil receberão jogos da Copa do Mundo. Destes, somente seis serão usados no Campeonato Brasileiro até o final da nona rodada. Mesmo assim, muitos clubes terão de pegar a estrada por conta do Mundial. Isso acontece porque suas casas também estão envolvidas no torneio da Fifa, mesmo que indiretamente.    É o caso de Santos, Atlético e Grêmio, por exemplo. O primeiro nem está situado em uma cidade-sede, mas terá de ceder a Vila Belmiro e o CT Rei Pelé para Costa Rica e México, respectivamente, treinarem.   A partir de segunda-feira (26), o Atlético deixa a Cidade do Galo nas mãos da Argentina. Além disso, o alvinegro não poderá atuar na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, que será o local de treinos do Uruguai. Para se preparar para os duelos restantes no Brasileiro, o técnico Levir Culpi levará o time novamente para a Vila Olímpica, na Pampulha.   Já o tricolor gaúcho, por conta de um acordo com a Fifa feito ainda na administração anterior à de Fábio Koff, não consegue usar a Arena do Grêmio e, ainda por cima, ficou impedido de reutilizar o Olímpico. Isso porque, em contrato, terá de ceder suas duas casas para treinamentos de seleções. Portanto, terá de mandar o jogo contra o Palmeiras, na nona rodada, novamente em Caxias do Sul.   “Lógico que gostaríamos de manter nossos jogos em casa, jogar na Arena. Mas é uma questão contratual com a Fifa, de outra administração”, opina Rui Costa, diretor de futebol gremista.   Existe até um bom relacionamento entre os gremistas e a Fifa. Tudo porque a entidade foi tolerante e “deixará” o tricolor gaúcho treinar no seu antigo estádio até o final deste mês. Em Porto Alegre, o Beira-Rio, do rival Internacional, foi o escolhido para abrigar jogos da Copa.    Minientrevista: Virgílio Elísio   Como foi o trabalho do departamento de competições da CBF para remanejar os jogos? Foi um jogo de xadrez. Para se ter ideia da dificuldade de remanejamento dos locais das partidas, veja Minas Gerais. O Estado tem dois excelentes estádios, Mineirão e Independência. E tem outro muito bom, que é a Arena do Jacaré. Mas nenhum deles pode ser usado. Mesma coisa na Bahia. Pituaçu, Fonte Nova e Barradão, três estádios excelentes, também, e todos indisponíveis.   Como foi debater o assunto com os clubes participantes da Série A? Eu posso dizer que, de uma maneira geral, houve compreensão dos clubes. Uma compreensão patriótica, porque o Brasil foi escolhido para receber uma Copa do Mundo. Tivemos essa mudança no Itaquerão, já que a Fifa queria usar o estádio nesta semana, mas não foi possível, e tivemos de inverte o mando de campo para o outro jogo do Corinthians, contra o Botafogo. Por falar nisso, a única saída era mesmo inverter    O mando para que o Itaquerão fosse novamente testado? A Fifa precisava fazer mais um teste no Itaquerão, ainda mais por ser o primeiro estádio usado na Copa. Então, tivemos problemas para remanejar isso. Aceitamos o pedido da Fifa para inverter o mando, algo raro para o calendário da competição.   O Brasil sabe que irá receber a Copa do Mundo desde 2007. A CBF se planejou para o calendário do Brasileirão deste ano desde quando? Estamos trabalhando nisso desde janeiro, foram várias reuniões. Meses de trabalho neste assunto.

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